sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Noite de estrelas

As músicas bonitas motivam-me.

Julgo que não será apenas a mim.

Passou um ano. Um ano depois de alguma coisa.
Todos os dias são dias que para alguém faz um ano, um mês ou uma semana de alguma coisa.

"faz hoje uma semana que nos beijamos pela primeira vez", "faz hoje um mês que comi o meu primeiro gelado de ferrero roche", "faz hoje um ano que fomos juntos para a praia".

É, faz sempre qualquer coisa para alguém o dia de hoje. Se pensarem, faz mesmo, também para vocês.

Sabes avó, não sei bem quando comecei este blog, não quero ir ver, julgo que foi no dia dos namorados...sim, foi...afinal lembro-me...
Mas sei bem o porquê de o ter começado.
Para conversar. Conversar contigo. Só.

E sei quando fui ao cemitério.

Dei o tal grito, sabes?

Disse que tinha saudades tuas...

Aquela foto não está bem de acordo com quem és, és mais bonita.

Saí assim depois de ver o mármore.
Depois obriguei-me a voltar.

Ajoelhei-me. Rezei-te.

Um pai-nosso. Uma avé-maria.

As lágrimas não se controlam. O corpo é demasiado pequeno para o tamanho das emoções e precisa das lágrimas para se expressar (?).

"Vim aqui, ó virgem Mãe, sem saber o que dizer
Eu olhava a tua imagem, não a conseguia ver
Sentei-me e assim fiquei em silêncio a pensar
Senti descer, ó Mãe, sobre mim o teu olhar
Foi então que eu comecei, com alegria, a rezar"
(Percebes porque é que esta música fez tanto sentido para mim?)
Posso contar um segredo?
Acho que nunca vou entender o quanto me deste.
A verdade é que sinto que vivo numa realidade totalmente diferente.
Olho para o quarto e ainda espero que lá estejas.
A vida nunca volta a ser a mesma. Há uma parte eternamente diferente.

Parece que sou outra pessoa, já não me reconheço na anterior.

Lembro-me também daquele momento antes de entrar em casa depois de vir da escola, aquele em que a noção da Fragilidade das Coisas estava presente, sabia que ia chegar o dia.

Sabes o que fazia a seguir?
Sorria.
Sorria, porque sabia que pelo menos naquele dia estava tudo bem, tudo equilibrado, tudo certo, tudo...perfeito.

A Vida está diferente.

A minha mãe ouviu-te uma dia destes. Perguntaste-lhe se ela não se ia levantar, já estava tarde.

Tenho medo de perder a tua voz.
Faço exercicios mentais para me lembrar dos nossos diálogos, das histórias que contavas.
Ás vezes não é fácil.

Vi num filme que alguém acreditava firmemente que é o facto de alguém, nalgum sitio do planeta, estar a contar uma história, que o mundo avança, que as pessoas se mexem, Vivem.
Acho que é isso que tento fazer aqui. Manter a tua história.
Também aprendi que ela não pode ser travada, por isso, mesmo que um dia deixe de te escrever, vou continuar a contá-la a alguém.
Prometo.
Está bem?