segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Da Amizade

Não sou daquelas que se lembra muitas vezes de mandar mensagens, marcar encontros, de falar de vez em quando com os amigos.

Na verdade vou vivendo sem estar muito presente na vida de alguém. É de mim.
Convivo mais com pessoas do presente, com quem conheci num café qualquer, numa formação, no dia a dia. As vidas de cada um são mesmo assim.

Mas há daquelas pessoas em que o universo nos vai actualizando, como se... como se nos lembrasse e nos quisesse presentes de vez em quando.

"Não imaginava que aqui estavas!"
"Sim, tal como não fazias conta que eu estivesse lá no outro sitio"

Agora que penso nisto... Em duas alturas importantes na vida uma da outra encontramo-nos.

Tenho pensado muito na Amizade. Naquilo que somos capazes de fazer pelos amigos.

Dar boleia até ao outro lado da cidade, mesmo que suponha atravessar um país; pensar numa prenda diferente e a única que se vai dar nesta altura do ano; na forma como mudamos simplesmente a nossa vida para que um amigo se possa sentir em casa; jantar tarde e ficar em pé até às 3h da manhã depois de um dia de trabalho.

Somos capazes de muito.
Somos muito quando nos tornamos mais por alguém.
E esquecemos tudo, fazemos o que for preciso, simplesmente para o outro ficar contente. Mesmo que seja algo simples, um gancho com uma borboleta, um papel com uma noticia bonita...

Gosto da forma natural como tenho conhecido pessoas que se foram tornando importantes, devagarinho, dia após dia.

E gosto de, depois de algum tempo sem haver contacto, nos irmos encontrando, de mandarmos uma mensagem só a dizer que nos lembramos e estamos presentes.

Sei que isto deve acontecer a toda a gente, que isto é um assunto comum, mas às vezes, muitas vezes, esquecemo-nos deste valor tão genuino e simples que é ser Amigo de alguém. E não é só quando é preciso.













segunda-feira, 9 de julho de 2012

A magia das florestas

A manhã, na serra, estava meio escura, com humidade no ar, a chover pequenas e leves gotas em nós.

Debaixo dos carvalhos a visão, dos sentidos, entrou na magia que todos deviamos sentir.

Olhamos para as coisas com deslumbramento, em Silêncio.
Em silêncio.

"Temos que falar baixinho para vermos a natureza!"

E vimos. O pisco de peito ruivo instalou-se na rocha gigante, mostrou-se, não o tempo suficiente para podermos perpectuar o momento na máquina, mas  não faz mal. A rã, lá ao fundo, com um dos maiores poderes da vida lá fora, escondia-se confundindo-se com as plantas, o melro azul cantava-nos lá em cima.

Os tesouros são sempre fáceis de encontrar.

Temos é que fazer silênco.
Olhar para todo o lado.

Partilhamos segredos de fascinio.

A magia das estórias que as árvores têm para contar é tão quente que nos protegem da chuva.

Deviamos todos de sair mais de casa.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Das incertezas

Ontem uma senhora na televisão falava de um estilo de vida.
Dizia que fazia 10 anos de conexão com Jesus.
Da vida que mudou depois daquele momento, da energia que cada um tem dentro de si, do destino, do optimismo, da forma de encarar os problemas e mudar os acontecimentos para aquilo que queremos que mude.
"A Fé não é acreditar numa coisa que queremos para nós, mas sim acreditar que aquilo que nos está a acontecer é o melhor para nós e viver dentro dessa condição de forma positiva"
"Muda e o mundo muda contigo"

Dizia que falava com Jesus e ele com ela nos momentos de meditação.

Falava bastante na responsabilidade e é anti-vitimização.
"A partir do momento em que nos responsabilizarmos pelas consequências das nossas escolhas, mudamos a nossa vida", dizia ela.

Numa fase em que cada vez acho mais que "não nasci" para me "ligar" ou para criar uma relação tão profunda com Jesus ou Deus ou "algo superior", estas palavras levam-me a acreditar mais nesta minha crença de "anti-religião", de...qualquer coisa.

E não sinto esta "quebra", se é que se pode chamar assim, de forma agressiva, de forma revoltada.
Não, pelo contrário, sinto-o de forma muito tranquila.

Não aconteceu nada na minha vida que me fizesse ser contra as entidades superiores, acredito no que as pessoas sentem e fazem por acreditar em Deus, rezo e participo nas eucaristias.
Simplesmente, depois de muitas tentativas, começo a achar que esta necessidade que me imponho de acreditar mais não faz sentido na pessoa que sou.

As pessoas todos os dias me provam que são o suficiente para mim.
Este acreditar nas acções boas dos humanos não me leva a achar que Jesus é tudo para nós, que ele é o nosso Pai, que sem ele não havia boas obras (não sei se será esta a frase mais correcta...).

Não vou dizer a tipica frase "respeito quem acredita" ou "acredito em algo superior". Também estas frases não fazem muito sentido na pessoa que sou. E não faz sentido, porque acho que consigo sentir e perceber a Fé, consigo perceber quando as pessoas falam de Cristo com alegria e tranquilidade, em como Ele as faz sentir em Paz e as ajuda a ser melhores pessoas.
Eu sinto uma espécie destes sentimentos quando oiço músicas bonitas ou oiço testemunhos de Amor.
Bem, até pode não ser a mesma coisa... Mas fico a achar que sim, porque me sinto muito bem nestas duas ocasiões.

Acho que no fundo o Universo e a magia que nos liga é o que nos faz boas pessoas e nos coloca aparentes "acasos" que acabamos por dar um significado. Uns chamam Deus, outros coincidência, outros algo superior... Eu acho que lhe chamo Universo, vida...

Jesus falou-nos do Amor incondicional, da bondade, do respeito e na força que os homens têm para mudar a vida dos outros. É esta "novidade" que sinto em mim, que trago comigo, que me leva às eucaristias.
Acredito no Amor e nas palavras que ele proclamava pelos povos, muito porque ele era bondoso, que me faz sorrir e arrepiar quando as pessoas falam e fazem coisas boas em nome dEle.
Não me sinto "falsa" em dizer que não me sinto ligada profundamente com Jesus e não alimentar essa pequena ligação e depois ir às missas. Vou por causa do Amor. E esta é uma das últimas conclusões que tiro das minhas acções.

Acho que uma das melhores coisas do mundo é termos algo que nos move e nos faz sentir em Paz.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A chuva que cai é sempre bonita. É uma ode. Um cântico.

As viagens longas, o tempo até chegar, as amêndoas saborosas guardadas, os nervos e ansiedade que sente no meu primeiro dia de trabalho.
Há sempre alguém a quem queremos contar as coisas engraçadas do dia, o que nos fez pensar mais um pouco, o que fizemos de bom e de mau.
A justiça é toda a gente do mundo ter alguém com quem falar e a vontade de o fazer.
Hoje não é um dia assim tão especial, não marcamos o aniversário ou uma data especifica, mas acho que é por isso que quero contar-te.
Irias gostar de o conhecer, de o ver, de rir com as suas piadas e palhaçadas que faz só para me fazer rir.
Irias gostar de saber que ele faz coisas como se fosse um principe verdadeiro das estórias de encantar.
Reconhece os meus gestos e percebe os simbolismos, as razões. Cresceu na bondade e nos pormenores e eu cresci no olhar para o que faz sentido.
Irias gostar de conversar com ele. Ele sabe o que nos liga e como pensamos.
Ele sabe que tu és a luz e que o que nos temos entre nós é eterno.
Ele sabe.
E sente-o.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

As viagens ao centro de nós

Há alturas em que sabemos "epa gosto mesmo disto, o meu futuro é aqui", "o meu sonho é este"
Mas depois vamos até outras "paragens" e deixamos de saber tão bem e tão concretamente o que nos interessa.
Não sei explicar porque se sente esta "inexistência de sentires que se sentiam", de certezas, de objectivos.
Acho que temos sido levados a pensar e a fazer coisas que não sabiamos e nem tinhamos pensado fazer.
Esqueçam as conversas de "a experiência é importante, os desafios, os bla bla blas".
Esqueçam as vantagens e desvantagens.

O tempo anda, uma semana de cada vez, um dia cumprido ao final da noite.

Não sei explicar porque é que já não sinto a certeza daquilo que quero fazer no futuro. Só sei que não é porque quero fazer isto.
Acho que alguma coisa fugiu de mim. Acho que é isso.

Não acho que seja por teimosia ou birra o que digo sobre o presente.
Acho que até tenho jeito, levo o rádio para o quarto delas para ouvirem o terço e a missa porque sei o quanto simbolico é esse gesto. Mas recuso-me a ver os seus olhares, a aceita-los. A aceitar o espaço, as rotinas, a tão grande falta de projectos...

Acho que no fundo o sitio vai contra a minha maneira de ser e isso está a entrar em colisão com o que sinto.
Eu sou da liberdade, do espaço aberto, das cores, do tempo de sobra.
E não é isso que há.

A evolução da vida não devia ser isto.
Acho que deviamos de ter um mecanismo interno que nos impedia de aceitar as tardes sentadas no sofá à espera.

Acredito que haja gente cansada demais, que apenas querem um momento de sossego.
Aceito.
Mas por vezes...quase sempre...custa.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Andar na lua

Lembro-me daquele momento em que entramos no castelo ao som dos acordes da viola.
De olhar para o chão com ervas misturadas com junco.
Lembro-me de sentir uma coisa no estomago. Há quem diga que é onde temos o coração.
Sentamo-nos os 4.
Não falamos mais. Só sorriamos. "Já aqui estamos. Já começou."
O senhor canta fado, com misturas de jazz, cabo verde, india...
Fala do Amor e da importância do silêncio entre os acordes.

Reconheço apenas uma música.

O sol, não muito quente, o fim de tarde de verão, o chão, o fado, a amizade, os sorrisos de quem chegou.
É a este momento, a este espaço de tempo e lugar, que regresso quando o coração aperta e as coisas fogem do controlo.
Esta paz, esta melodia.

António Zambujo. No castelo. Naquele dia. Depois da praia, depois do passeio.

As coisas que não se entendem

Sempre que podia metia conversa com ela.
Num chat minusculo que lhes permitia trocar rápidas palavras e
saber como estava a correr a vida.
Já o tinham feito talvez 3 vezes.
Não se viam há 2 anos.
No último fugaz encontro ela disse-lhe que tinha saudades dela.
A outra reagiu como "estava a ver que nunca mais o dizias"
Ela diz que sempre a admirou, que
"quando for grande quero ser como tu :)
ter essa atitude"
Percebo nestas palavras,
rápidas e simples,
que ela sempre me quis dizer aquilo.
Era por isso que sempre que podia,
falava por ali.
Acabo a conversa sem perceber como podemos ter este efeito nas pessoas.
Acho que, se todos soubessemos aquilo que podemos mudar nos outros,
seriamos todos mais misericordiosos e bondosos.
Andariamos com a alma mais leve,
mais limpa,
mais luminosa.
Com menos culpa e medos.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012