quinta-feira, 30 de junho de 2011

Várias danças

Hoje apetece-me começar este texto com:






"Sabemos que gostamos de alguém quando..."






Só não sei como terminar este começo.






Quando temos saudades não quer dizer que gostamos.



Isso é simplesmente ter saudades.



Não sei porquê.






Quando queremos estar com essa pessoa não quer dizer que gostamos.



Isso é só vontade.






Acho que este começo é só para desviar as atenções.



Para que não se leia o resto.






No fundo quero dizer...



Que hoje,



depois de um dia de pensamentos maus,



senti que um dia posso ter que ir para longe.



Que um dia não saberei adaptar-me às exigências.



Que um dia poderei ter que seguir a missão.



Que não sei lidar com indecisões que não dependem de mim.






Acho que isto se chama crescer.






Um dia, quando eramos mais pequeninos, também sofremos com os dentes,



com o aprender a andar de bicicleta sem rodinhas atrás, a dar as curvas...






Agora,



um bocadinho maiores também temos que saber dar a volta.






Gostava só de estar mais perto, de ter alguém mais perto.



Acho que é só mais isto que custa.






Mas também saberei dar a volta nisto.



Não aprendemos sempre?






acho que devias de vender cheiro aos frasquinhos






Um dia somos sempre confrontados com a falta que as coisas nos fazem.



Sejam quais forem os atalhos que apanhamos para lhe fugir.


















segunda-feira, 27 de junho de 2011

Justiça ou o sentido dela

Hoje comecei a manhã e semana a pensar neste tema.

Um dia uma amiga dizia-me que eu era uma pessoa justa.
Levei aquilo como um elogio. Mas acho que não percebi como o poderia ser.

Eu digo o que acho o que para mim é justiça.

Justiça é ser justo.
Simples, certo?

Aprendi com as crianças com quem às vezes trabalho e brinco.
Se faço alguma coisa sem respeitar as regras e que as faça sentir prejudicadas, eles dizem alto: "Isso não é justo!"

Nunca nos podemos esquecer das regras com as crianças.
Queremos que elas as respeitem. Temos que as respeitar ainda melhor.

E se queremos introduzir uma regra nova, sem ter avisado no inicio, sem ter deixado este ponto novo bem claro, ao menos que ele influencie um elemento neutro, eu que fique com aquele ponto que se ganhou com a nova regra; eles não o querem. Não seria justo.

E é nestes jogos, das regras para todos, que temos que ver todos os lados.
E se não virmos, não estaremos a ser justos.

Por isso é que acho que a justiça é uma coisa inventada e impossível.
Afinal:
a nossa justiça é baseada em quê? De facto será apenas no nosso sentido individual e cultural.
Nunca nada será justo para todos. Vejamos os Direitos Humanos. Há lá uns poucos que não respeitam umas quantas especificidades culturais.

A justiça quer que todos fiquem no mesmo patamar, que ninguém saia prejudicado, que no final os lesados sintam que ficou tudo claro e foram compensados.

Mas isso....meus queridos... é impossível.

Lembro-me que me contaram que dantes (e talvez ainda seja assim), aos ladrões cortavam-se as mãos.
"Olho por olho. Dente por dente"

Quem faz mal, terá que perceber como aquele mal faz sentir as pessoas a quem faz mal, uma espécie "e se fosse a ti?"
Mas isto, para além de não ser o tal "pedagógico", também pode ser contestado com o "violência gera violência".

Claro, meus caros, claro que sim, claro que terão razão. Mas não é justo? Não é justo que alguém que vos puxe o cabelo também tenha alguém que lhe puxe o cabelo para saber o quanto doí? Sim, não deixa de puxar porque vos está a causar dor, não deixa de vos magoar porque de repente teve pena de vós, mas sim porque se não parar, também lhe vai continuar a doer a ele.

A justiça é impossível.

Claro que o melhor seria que ele deixasse de puxar porque sabe que aquilo doí e não vos quer magoar; claro que ele devia de sentir, lá dentro no peito, um respeito tal, uma compaixão, que o impediria só de pensar em puxar o cabelo. Claro.

A justiça é impossível, porque simplesmente só se fala em justiça quando algo acontece e nunca devia ter acontecido. Não há recompensa possível para quem se sente injustiçado de uma maneira ou de outra.
Será justo ver sofrer alguém que nos puxou o cabelo só para se fazer justiça? Como nos podemos sentir bem com algo que consideramos, ainda há 5 minutos, injusto? É a máxima do "olho por olho..." E eu não posso julgar isso. Compreendo e provavelmente também o pratico.

A justiça só existiria se soubéssemos chegar ao coração dos Homens de forma a que eles não tivessem os comportamentos injustos.

Tentamos equilibrar as coisas, tentamos dar o exemplo, demonstrar pela mesma forma aos "bandidos" que aquilo que fazem é mau. Puxamos o cabelo aquele menino que puxa o cabelo ao colega. E ele aceita essa "justiça". Para a próxima lembrar-se-á... Mas só não volta a repetir o gesto mau por causa do medo.

É o medo que nos faz sermos "justos".
O medo do derradeiro universo que sempre volta para compensar os lesados.

E aqui já se percebe porque digo que a justiça é impossível... Porque não tem um fundo genuíno.


Mas se de facto a justiça existir, então Sermos justos está na mesma proporção da nossa capacidade de nos tramarmos. Somos mais justos quanto mais dispostos estamos a assumir as nossas acções e as suas derradeiras consequências. Acrescento ainda, que a justiça só e apenas será justiça se provocar alguma mudança de atitudes em prol do bem comum.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Uma mulher não perdoa uma única coisa no homem: que ele não ame com coragem. Pode ter os maiores defeitos, atrasar-se para os compromissos, jogar futebol no sábado com os amigos, soltar gargalhada de hiena, pentear-se com franjinha, ter pêlos nas costas e no pescoço, usar palito de dente, trocar os talheres de um momento para outro. Qualquer coisa é admitida, menos que não ame com coragem.

de Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Tonight

Gosto sempre de pensar que és tu.
Gosto sempre de pensar que és tu que está sempre lá.
Gosto mesmo.
Tranquiliza-me pensar que estás lá.
Que és tu que facilitas, que afastas o perigo,
que entra na consciência e a muda para o nosso melhor.

E penso sempre nisso quando:
ele volta para casa,
ela entrou naquele curso,
ela tem amigas para conversar,
há dinheiro para pagar as contas,
alguém olha enquanto ela se veste,
se chega a casa e alguém diz "oi"
o gigante de olhos brancos diz "tchau"...

E pensar assim...é tão bonito.
E simples.

Todas as pessoas do mundo deviam ter alguém assim no céu.
Como tu.


segunda-feira, 13 de junho de 2011

O fado....

....tem essa magia.
A magia que as pessoas que o evitam e ignoram não percebem, porque não o querem sentir.

E quando não queremos sentir...nada feito.

Isso acontece com as relações, com a comida, com a arte, com a música, com o Amor.

Na verdade, não sei muito bem como é que as pessoas o fazem.
Já não me lembro como é evitar o sentir. Já não sei muito bem, mas sinceramente, quem tem um palmo de testa não o evita. Tem que saber que não há forma de se desviar, nem o deve fazer.

E quem ouve o fado, ali assim, na primeira pessoa, mesmo que a voz não seja de fadista, mesmo que não haja guitarra portuguesa lá ao fundo, mesmo que o xaile e o vestido negro não tenha vindo, sabe que a vida só pode ser mais do que aquilo que vivemos, sabe e vê que há um espírito na voz que contagia e que dar a mão e ficar apenas a ouvir é o melhor de todos os mundos.

Sentimos o arrepio atrás do pescoço. Sentimos a ternura. Sentimos todas as lágrimas a cair, mesmo que elas não saiam. Porque sabemos que todos, num ponto qualquer da história, teve a sua mãe, a sua avó, e sente saudades dela, e sente que não quer que ela parta nunca.

E ali, no meio do tempo, ouvimos a voz que se engana, a voz que tenta mostrar o que vai lá dentro, a voz...a voz do Fado.

Espero que aquelas notas, sem guitarras, tenham mostrado que o Fado transporta o Amor de quem o canta, que tenha mostrado a sua subtil e marcante beleza, para que se perceba o poder que ele tem.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

E agarras-me as mãos e mostras-me o dentinho

Querido João,
a vida será como esse teu dente: tu empurras para ele cair, fazes mais pressão, sentes a dor, mas continuas... E não vês o sangue, não vês o jeito feio como isso está, só sentes.

E a vida será assim, sentir.

Sentes a dor, sentes que ele vai cair e queres que caia rápido, queres vê-lo na tua mão.
E espero mesmo, meu querido que me agarra as mãos, que tenhas alguém a olhar para ti a dizer-te para teres cuidado, a sorrir-te por empurrares algo que vai cair por si, a perguntar "está a doer, não está?".
E espero ainda que tenhas alguém a quem sintas que podes e queres dizer "gosto muito de ti" e lhe dês um beijo sentido na face.

Querido João que fazes barulhos de animais,
tu falas quando te perguntam se têm dúvidas e dizes que a Natureza é muito preciosa (deliciosa, cof cof).

Contigo descobri a magia dos m&m´s azuis e o poder das gargalhadas que eles possuem lá dentro.

Até breve*

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Meia noite e vinte cinco minutos

"amiga, estás bem?"
"estou"
(silêncio)
"eu sei que estás assim, mas não fiques triste. Pensa só que ela está num sitio melhor"

Querida amiga das horas longas de conversa,
queria só dizer-te que a amizade é grande e feliz aquele que a tem no seu peito.
Porque ela é como o Amor.
É igual.
A diferença está no contacto fisico.
E que nunca me esqueço de ti.
E a minha avózinha também não.
Por isso é que acredito que também te ajuda a ti, todos os dias, porque ela é grande e doce de coração.

Um Obrigada dos que te abraçam e choram por não se conseguirem conter dentro do corpo.

A de sempre

Querida avózinha,
hoje escrevo-te mais próxima.
Só porque quero falar de ti e não há ninguém melhor do que tu para falar de ti.

Lembrei-me daqueles tempos em que te sentavamos no sofá na rua e passavas lá a tarde.
Um dia desses andei de bicicleta à tua frente, na rua, para que visses que eu sabia andar muito bem. Acho que também cheguei a andar de patins...
São daquelas coisas que fazemos para que vejam como fazemos bem as coisas... E eu gostava tanto que visses como sabia andar.

Acho que é por isso que agora tenho medo de cair. Porque já não estás a olhar, já não podes dizer "muito bem!", porque...

Um dia passei horas e horas a falar de ti a uma amiga. No dia seguinte tinhamos uma frequência, mas era viciante, dava uma sensação de alegria falar de ti, não conseguia parar... Falava das coisas que dizias que vias, dos teus gestos, das tuas rotinas, das tuas histórias. Essa minha amiga fazia perguntas, muito atenta e cuidadosa perante as minhas palavras.

Achava que já me estava a habituar a toda esta história de não estares lá em casa, de ir ao cemitério e já não chorar, de pensar em ti e conseguir não ficar triste...

Achava até hoje.

"e há um momento em que a alma nos rebenta nas mãos"

Mas depois passa. Porque há aquela coisa que ainda não sei o que é que ajuda. Ajuda a estarmos perto, a estarmos calmos. A passar.