quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Post Scriptum

Depois do Natal por vezes fica aquela sensação de que queremos que volte atrás e o jantar comece outra vez.

Este foi bom. Diria que foi o melhor. De sempre até.

O dia da Confissão também foi um dos melhores. Não pela confissão em si, mas pela cumplicidade e pelas palavras e frases feitas que apesar de tudo foram bem ditas.

"Foi o Espirito Santo que te trouxe aqui"

Eu acreditei no senhor, mesmo não sabendo bem o que significa essa "divindade" e o que ela pode, racionalmente, fazer por mim.


Também escrevo hoje, porque depois de tanta gritaria e choque e correria e nervos à flor da pele... houve coisas que ficaram na mesma.

Bem, na mesma julgo que não, houve mentalidades, consciências e entendimentos por parte das pessoas que estão ao lado que mudaram.
Mais não seja porque as pessoas que estavam presentes pensaram em si mesmas.

Mas... a frase "Não sei mais como defender os meus irmãos se ela continua a aceitá-lo" ainda me dá um nó na garganta, ainda me faz sentir um murro no estômago, no pâncreas, no fígado, nas entranhas...
Não respondi a esta frase.
Não porque não sabia o que dizer, mas porque ia chorar.

A emoção é sempre aquela coisa que nos bloqueia muitas vezes... e as lágrimas, essas coisas parvas, são sempre as que nos querem denunciar perante os outros nos momentos menos próprios.

Estou zangada. Muito.

Mas calma, porque sei que a resiliência é uma coisa fantástica que o nosso cérebro nos confere.

E sei que eles se safam e que aprendem.

A mensagem, o conselho, as palavras de hoje são:
Que nenhuma besta nos deixe sentir que não valemos nada, que somos umas merdas, que a nossa vida nunca há-de melhorar.
Que nunca deixem que alguém, seja quem for, mesmo a pessoa que diz que vos ama, vos deixe sentir como se a vossa liberdade e dignidade dependa de um pedido de desculpa dele.
Nunca permitam que as vossas Vontades de Homens e Mulheres seja inferiorizada, cortada, abafada por alguém.

Sejam sempre fiéis àquilo que mais interessa, àquilo que vocês criaram e cresceu dentro de vós ou por vós, sejam eles os filhos, a Esperança, a Fé, a Caridade.

As escolhas não são sempre fáceis, mas quando vos pedirem para escolher entre um marido e um filho, por mim escolham Sempre o filho. Esta é a ideia geral. E também a concreta e objectiva.

Uma das minha primas diz que se ela não gostar de si própria que mais ninguém gosta.

Nunca percebi se sou a favor ou contra esta frase, mas sei que há momentos que não há frase e sentimento mais forte e mais importante que este.

Que este próximo ano seja um ano de mudança e aventuras arriscadas e que saltemos os limites da nossa Fé nas coisas e nos outros.
Sejamos Amor. Aquele que perdoa, esquece e segue. Aquele que sabe o que interessa e nos faz Agir Protegendo os outros, os nossos filhos, as nossas Vontades.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Pai


É o tipo que te vê como uma princesa a crescer.

Que te proibe de sair à noite até depois de horas decentes (meia noite, sensivelmente...)

É o que olha para ti como se fosses a joia da coroa, que ralha contigo por teres a música alta e por não quereres ir passear com a familia quando tu queres estar com os amigos.

É o que te acompanha na compra do primeiro carro, que assiste à tua apresentação de ballet, que fala contigo sobre politica e história e te faz perceber a diferença entre direita e esquerda.

É o homem que te ensina a dar nós de escuteiro e dos que der jeito, o que te leva ao expresso e se vai embora emocionado porque a sua filhota vai para a universidade, o que te pergunta como é a tua turma na esperança de saber se algum "gandim" te anda a galar, aquele que joga contigo "jogos de porrada" no sofá da sala, o que te vai buscar às festas das amigas e as leva também a casa, seja onde for essa casa.

É o que faz viagens de mota até ao deserto mas que te leva no beijo que lhe deste na face antes de ir embora, é o tipo que goza com o senhor policia só para te fazer rir, é o homem que trabalha até tarde para juntar dinheiro para o teu futuro.

É o ser humano que ama a tua mãe ao ponto de ajudá-la a conceber-te e a cuidar de ti, até encontares o teu par.

É aquele que mais discute contigo, é com ele que cresces em segurança.

É com ele que aprendes a defender-te dos matulões do recreio.

Ele é quem tu sabes que é.

É isto que eu sei.

(Pinguim. Um dos meus animais preferidos.)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Paralisação Geral de Blogues Portugueses



"O Shiuuuu é apartirdário, mas patriótico. E depois de mais uma manhã a ver as notícias atinge-se o limite do razoável. Com tantos portugueses competentes, com know-how, com discernimento e sentido de responsabilidade, perguntamo-nos: como fomos escolher todos aqueles polítícos (governo e assembleia da república) para gerir e tomar decisões sobre o nosso país. E como podemos nós, manter a calma e a paciência perante o hipoteca do nosso presente, do nosso futuro e do futuro dos nossos filhos? E como podemos deixar que andem todos a brincar às casinhas?
Não acreditamos que a solução passe por greves que paralizem a produção nacinal, mas acreditamos que é a união e o peso dessa mesma união que pode contribuir para mudar a nossa consciência daquilo que podemos fazer pelo país e ao mesmo tempo colocar mão firme perante todos, mas absolutamente todos os nossos políticos.
Já ouviram falar numa "Paralisação Geral de Blogues"? Bom, nós também não, mas é uma boa oportunidade para criarmos uma. Esta paralisação consiste na paragem dos nossos blogues durante uma semana, colocando esta imagem como primeiro post. Vamos tentar fazer qualquer coisa pelo país enquanto cidadãos anónimos. Todas as grande mudanças, acontecem após grandes revoluções.
Passem a palavra e sejam mensageiros desta paralisação. Unam-se enquanto portugueses e seremos milhares."

(texto retirado: http://shiuuuu.blogspot.com/)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Uvas, cachinhos, vassouras, jeropiga, feijoada, conversetas, sol na cara e dor de costas




Hoje lembrei-me.


Houve um momento de pausa,


sentei-me numa espécie de banco


e a conversa continuava.




Falava-se de sei-lá-o-quê, na verdade.




Depois fugi.




Lembrei-me que te dava o lanche a horas especificas.




Parava o que estava a fazer,


cortava um bocadinho de pão,


metia uma fatia de queijo


e pegava num iogurte magro.




Dizia: "Vó, vá, vamos lanchar."




"Então e tu, não comes? Também devias de comer."




"Eu já comi" ou "Então não está aqui a ver o meu pão?"




"Ah já comes-te?" ou "Ah tá bem! (sorriso)"




Gostava de te ver comer. Era mutuo.




Comer sem dentes sempre foi


uma especialidade tua.


Fazias uma cara engraçada.




Hoje lembrei-me.




Hoje lembrei-me deste ritual.




Cheguei também a uma conclusão:


Não sei o que valho longe das pessoas que gostam de mim e eu delas.


Como se elas me fizessem Ser.




E isso é muito importante.




Ás vezes esquecemos as coisas importantes.






Mesmo que esta me "desenhe" como uma pessoa


que precisa dos outros para Ser.




No fundo não me importo.

(Guarda-rios. Um dos meus animais preferidos)





segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vontades*



Quero viajar.

Quero mesmo como quem quer ir e deixar as ideias feitas para trás.


Quero mesmo.


Quero ler uma história a uma menina à beira de uma fogueira.



Já dei por mim a admirar a personagem "Patinhas" da banda desenhada.

Não propriamente por todo aquele dinheiro que lhe desenharam, mas por todo o caminho que decidiram fazer para que ele tivesse conquistado a fortuna.


No fundo ele também queria alguma coisa.
Não queremos todos? A diferença está na força
com que levamos as nossas Vontades para a frente.
"Queremos ir em frente!"
Não sabiam que entre as linhas diziam:
"Queremos virar a história."


(Um dia, um dia também vou. E vai ser segredo.)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Fado

Nem vim à net para escrever aqui.

Mas tinha que dizer alguma coisa.

Ontem disse "Até sempre" a uma das coisas mais importantes que já me aconteceram. Daquelas que nos moldam, nos definem, nos colocam perto de nós mesmos, dos outros, de Deus, do que não se vê, do que por vezes nem se sente.


E custou mais do que pensava.

Custou mesmo.

Eu não queria ir embora, continuo a não querer, mas teve que ser. Dizem que é também por isto que é especial... Por mim, quero lá saber se é especial, não queria vir embora e pronto!


Não disse tudo o que queria, acho que nunca se diz.


Mas o meu objectivo era que algumas pessoas percebessem que foram e são especiais para mim, que sem elas as coisas não seriam tão bonitas.

E nada melhor que marcar a vida de alguém com alguma coisa positiva. Acho que é reconfortante e enternecedor saber que alguém sente que lhe mudamos alguma coisa, não é? Queria que se sentissem assim. Acho que consegui nalgumas pessoas.


Não sei o que diga mais.


A verdade é que... Eu seria bem mais estúpida se não tivesse feito aquela descida com a minha Marta e não tivesse aceite o convite dela para a primeira reunião.

Confiei numa pessoa e ela deu-me a oportunidade de escolher evoluir.

Acho que as pessoas deviam de poder escolher estas coisas.


E agora, depois de ter chorado um pouco, depois de ter argumentado sobre o Amor, depois de criticar pessoas, abraçar outras tantas e aprender a ouvir mesmo coisas que, enfim... digo: valeu a pena.

E pronto.


Uma das coisas que me deixa de sorriso na cara foi a forma como vim embora.
Não dei muitos beijos a ninguém, só disse "Tchau, vou embora", de mala grande às costas, de saco cama debaixo do braço, com o tal ao meu lado a falar sobre um casamento gourmet.

Irónico. Simbolismos.
A despedida rápida para não custar e por nunca saber o que se diz nestas alturas, a mala das viagens e história de uma amizade, o saco cama das noites mal dormidas mas com a certeza de um dia cheio de partilhas, a relação que me torna próxima, que me acorda e deixa enternecida com a sinceridade do que se sente, a conversa sobre compromisso e familia, as coisas ás quais aprendi a valorizar.

Agradeço pelos horizontes e conversas até tarde, pelo jogo da aldeia, pelos passeios pela praia, pelas mão dadas nas casas que eram nossas por dois dias.


Agora...
Vou dormir, tenho os pés frios :)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Noite de estrelas

As músicas bonitas motivam-me.

Julgo que não será apenas a mim.

Passou um ano. Um ano depois de alguma coisa.
Todos os dias são dias que para alguém faz um ano, um mês ou uma semana de alguma coisa.

"faz hoje uma semana que nos beijamos pela primeira vez", "faz hoje um mês que comi o meu primeiro gelado de ferrero roche", "faz hoje um ano que fomos juntos para a praia".

É, faz sempre qualquer coisa para alguém o dia de hoje. Se pensarem, faz mesmo, também para vocês.

Sabes avó, não sei bem quando comecei este blog, não quero ir ver, julgo que foi no dia dos namorados...sim, foi...afinal lembro-me...
Mas sei bem o porquê de o ter começado.
Para conversar. Conversar contigo. Só.

E sei quando fui ao cemitério.

Dei o tal grito, sabes?

Disse que tinha saudades tuas...

Aquela foto não está bem de acordo com quem és, és mais bonita.

Saí assim depois de ver o mármore.
Depois obriguei-me a voltar.

Ajoelhei-me. Rezei-te.

Um pai-nosso. Uma avé-maria.

As lágrimas não se controlam. O corpo é demasiado pequeno para o tamanho das emoções e precisa das lágrimas para se expressar (?).

"Vim aqui, ó virgem Mãe, sem saber o que dizer
Eu olhava a tua imagem, não a conseguia ver
Sentei-me e assim fiquei em silêncio a pensar
Senti descer, ó Mãe, sobre mim o teu olhar
Foi então que eu comecei, com alegria, a rezar"
(Percebes porque é que esta música fez tanto sentido para mim?)
Posso contar um segredo?
Acho que nunca vou entender o quanto me deste.
A verdade é que sinto que vivo numa realidade totalmente diferente.
Olho para o quarto e ainda espero que lá estejas.
A vida nunca volta a ser a mesma. Há uma parte eternamente diferente.

Parece que sou outra pessoa, já não me reconheço na anterior.

Lembro-me também daquele momento antes de entrar em casa depois de vir da escola, aquele em que a noção da Fragilidade das Coisas estava presente, sabia que ia chegar o dia.

Sabes o que fazia a seguir?
Sorria.
Sorria, porque sabia que pelo menos naquele dia estava tudo bem, tudo equilibrado, tudo certo, tudo...perfeito.

A Vida está diferente.

A minha mãe ouviu-te uma dia destes. Perguntaste-lhe se ela não se ia levantar, já estava tarde.

Tenho medo de perder a tua voz.
Faço exercicios mentais para me lembrar dos nossos diálogos, das histórias que contavas.
Ás vezes não é fácil.

Vi num filme que alguém acreditava firmemente que é o facto de alguém, nalgum sitio do planeta, estar a contar uma história, que o mundo avança, que as pessoas se mexem, Vivem.
Acho que é isso que tento fazer aqui. Manter a tua história.
Também aprendi que ela não pode ser travada, por isso, mesmo que um dia deixe de te escrever, vou continuar a contá-la a alguém.
Prometo.
Está bem?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Conversa do mundo

"Mulher
Não achas que somos demasiado novos para gostarmos assim tanto um do outro?

Homem
Não

Mulher
Achas que tivemos muita sorte e que de facto vamos casar um com o outro?

Homem
Sim. lol oh amiga, já estamos em idade de pensar nisso. lol por isso não é cedo. Com a tua idade já a tua mãe te devia ter ;p

Mulher
A minha mãe só me teve aos 26, eu tenho 22.lol

Homem
Mas a minha mãe teve a minha irmã, não sei, mas com certeza, mais cedo.

Mulher
Não achas que deviamos experimentar outras coisas antes de nos comprometermos assim tanto para tanto tempo?

Homem
Mau, que conversa é essa?

Mulher
Se aos 22 me juntar e morrer aos 90, isso faz com que esteja com a mesma pessoa durante 68 anos.

Homem
Pois. Eeeeeee...? Se essa pessoa é aquilo que sempre sonhas-te...lol

Mulher
Ora, em todos estes anos, achas que é viável estarmos sempre com a mesma pessoa? Mesmo que seja o nosso sonho?

Homem
Sim.......

Mulher
Isso não é: "Não aproveitar a vida"?

Homem
Não, é aproveitares ainda mais, mas óbvio que depende do conceito de cada um de "aproveitar a vida"

Mulher
Sim...

Homem
De que te adianta fazeres coisas e coisas se depois não tens a quem contar isso e com quem partilhar??

Mulher
Posso ter... de vez em quando...

Homem
humm... tá certo...

Mulher
Tipo, podia-se ir tendo várias pessoas, durante só algum tempo... E aproveitavamos ao máximo com essa pessoa durante determinado momento, esse momento podia variar, dependendo do quanto ias gostando dessa pessoa e do quanto encaixavam na personalidade. Depois tinhas que ter um periodo em que não estavas com ninguém, para ires pensando na vida, assimilando o que aprendes-te com a pessoa e para pensar no que falta.

Homem
É esse o teu conceito?

Mulher
Assim ninguém se fartava de ninguém

Homem
Hummm está certo...

Mulher
(só estou a criar uma ideia num momento de devaneio... acompanha-me)

Homem
Achava que eras das que queria casar e não sei quê. Continua

Mulher
Claro que tinha de haver regras. O adultério era proibido. E também as pessoas acabavam por não pensar muito nisso porque sabiam que aquilo era momentaneo. Tipo de um mês a 6 meses, ou até um ano... ou alguns... talvez não mais do que 3 anos. Isto para a economia talvez não fosse rentável... e para a criação de filhos também não... hummm...

Homem
Há quem viva assim como disse. Sim poderia ser viável, apenas tinhas de ter a capacidade de não te apegar a ninguém, isso basicamente seriam relações carnais visto o pouco tempo, mas pronto.

Mulher
Não não, aí é que está.

Homem
Sim sim

Mulher
Essa era uma das regras. Este sistema é para as pessoas evoluirem, não só para sexo, eram relações de diálogo e crescimento, porque sempre que estavas com alguém estavas com uma História.

Homem
Ah bom. Ahahahahah

Mulher
... com conhecimentos, Vontades, Sentimentos, Diferenças, Qualidades.lol

Homem
(nome da mulher) no país das maravilhas ;p

Mulher
No principio talvez isso acontecesse, ser só carnal, mas era por isso que as relações teriam que durar, no minimo, uns... 3 meses, ou 5... e os casais teriam que cumprir determinadas coisas lol vou guardar esta conversa...

Homem
Ah ok. Tipo pode ser que o avatar seja real. Ah mas espera, eles quando escolhiam uma pessoa era para sempre, raios.

Mulher
fogo...hei

Homem
:) lol

Mulher
Raio mundo de pinguins.lol

Homem
Tens uma mente muito avançada. Mas querias viver assim é?

Mulher
Estava a tentar imaginar um tipo de sociedade que talvez resultasse, apesar da múltiplas e variadas desvantagens. Não sei se conseguia viver assim, vai um bocadinho contra a minha forma de sentir as coisas.

Homem
lol pois.

Mulher
Mas talvez me conseguisse adaptar, se fosse uma relação no minimo de 5 meses ou assim. E depois houvesse alguém disponivel para quando eu quisesse. lol

Homem
E eu, onde ficava nisso?

Mulher
Tu também andavas por aí, ou achas que eu sou a única mulher neste mundo? Gostas de mim, mas com certeza que encontravas alguém de quem gostasses e nesta sociedade se calhar nem nos encontravamos.

Homem
Ah fixe. Isso é que era.

Mulher
Não era?"

Leio e releio esta conversa.
Que tentativa tola de fazer com que as desilusões nas relações sejam minimizadas.
Na verdade, enquanto li e escrevi estas palavras pensei:
"Não é já assim que as coisas funcionam já?
As pessoas não andam com as outras pessoas
para experimentar, passar uns tempos, conhecer ourtras coisas?"
Sim, não tem mal nenhum, porque o que importa agora é o tal
aproveitar a vida como quisermos, dizem.
O mal está em que estas novas relações são de curto prazo e
de pouco sabor, de pouca utilidade, são uma espécie de "comer para encher".
(que frase bonita e tão bem conseguida. eheheh)
Não sei quem está errado, ou se há alguma coisa errada nestas versões das relações.
Não sei.
No fim acaba sempre tudo de uma forma muito vazia.
Sim, talvez seja esta a razão pela qual sou um bocado contra as relações temporárias:
o vazio. Este é aquele pormenor que as pessoas tentam preencher
com quem está à mão e no fim...
No fim são só elas que ficam, com um vazio a mais.
Talvez como diga o Rafa, as pessoas usam-se para não estarem sozinhas.
As pessoas sentem-se cada vez mais sozinhas.
E depois também não sabem estar com outras pessoas.
Já não sabem confiar, já não acreditam na magia das relações "para sempre".
Alguém disse um dia que não existiam e as outras acreditaram nesta coisa.
Um dia destes crio um Movimento das Relações para Sempre.
MRS.
Humm... não, nome feio.
Depois arranjo outro =)
Na verdade... Para que servem as relações afinal?
(Agora só consigo imaginar perguntas para estas ideias...)
Afinal as relações são para... nos sentirmos melhor?
Nos completarmos com a vida da outra pessoa?
Relacionamo-nos porquê?
Só porque somos animais racionais e sociais?
Para a evolução da espécie?
Porque sem os outros não sobrevivemos e as outras espécies também não?
Deve ser isto.
E deixa de haver magia por isto?
Tinha que haver alguma razão, esta pode não ser bonita, mas é uma possivel.
Como racionais, podemos elaborar mais este raciocinio e colocar por aqui
o Amor e essas coisas todas.
Mesmo que no fundo seja o medo e a solidão
que estejam na raíz.
Ou não?

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Caminho matinal

Mudei de casa e agora tenho que andar mais todos os dias.

Hoje de manhã só conseguia pensar em coisas bonitas e assim.

Estava com aquele andar sonolento, de quem dormiu pouco, como aquele em que acordamos de manhã nos acampamentos e estamos a ir à casa de banho, um local que parece estar a quilometros de distância...

Lá ia eu, com uma música bonita nos ouvidos e lembrei-me de uma frase tua

"Gosto de ti, porque tu és tudo o que eu quero."

E eu senti-me feliz =)


Sinto-me comovida com as coisas que fazes por mim.
Mesmo que não estejas sempre atento, mesmo que não oiças todas as palavras que digo, mesmo que não digas tudo o que quero ouvir.

Sei que a frase é verdadeira e eu sinto-me orgulhosa de ti, de nós....

Um beijo*

Aos Pares

Um dia disse a alguém, ou talvez só a mim própria, que o mundo era feito aos pares.

Hoje devo ter acordado particularmente atenta às pessoas que se cruzaram comigo de manhã.

Vejamos:

-No café eu era o 71 e a senhora seguinte o 72 (óbvio...)

- Eu pedi um carioca cheio (diz que é mais fraquinho, mas com a quantidade de cafeína suficiente para me deixar um pouco mais desperta) e a senhora um café curto (diz que é mais forte).
-Depois disto e de ter reparado em mais uns quantos pares de coisas engraçadas, passei por uma senhora que tinha aquelas coisas estranhas para segurarem o seu bébe a frente, sem ter de as agarrar, andei uns metros e encontrei outra senhora com uma daquelas coisas (com o seu respectivo filho, claro);
- Mais à frente vinha um casal.


Parece pouco e talvez idiota, mas a verdade é que quando num dia tentamos ou por acaso estamos atentos a alguma coisa, parece que de facto existe essa tal coisa em grande quantidade.

Tentem procurar pessoas com camisola vermelha, ou preta ou branca, sei lá.
Talvez percebam =)


Mas a minha ideia inicial, a de que o mundo é feito aos pares, tem alguma lógica...

Mesmo que não a saiba explicar muito bem.

terça-feira, 4 de maio de 2010

E foi quando ela estava...

....Sozinha....
Sshhhhh....
Não faças barulho...
Mantem-te de olhos fechados...
Sshhhhh...
Hoje estive com uma senhora.
Tu estavas comigo.
Claro.
Não me largas =)
o vulcão vem e não vem.
Não se decide.
Eu já decidi.
Hoje fiz um desenho.
Diz "Claúdia".
É a minha prima.
A prima do meu coração.
Ela não sabe muito bem, mas eu Gosto Muito Dela.
Por isso é que fiz o desenho.
Por isso é que ia partindo a rapariga que lhe fracturou o pé.
Por isso é que ia batendo num puto que lhe roubou fotos.
Por isso é que menti a outro puto e o ameacei com um pai ficticio advogado.
Por isso é que a abracei quando chorou muito pelo namorado que a deixou.
Por isso é que fiquei contente quando o outro saiu de casa.
Por isso é que quero que consiga ser o que lhe vai no coração.
Por isso é que faria muita coisa para lhe colocar uma redoma em cima, para a proteger.
Por isso é que sempre que ela pede, eu dou-lhe tudo: o meu tempo
a minha paciência, o meu espaço, as minhas mãos, o meu coração, as minhas palavras.
E é por isso que vou acabar aquele desenho e colocá-lo muito bonito.
Mesmo que não seja pedagógico ser eu a fazer.
Ela não sabe que escrevo estas palavras para ela.
Mas sabe bem onde me pode encontrar.
E fá-lo.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Outro presente

Um dia escrevi aqui que queria sentir o que estavas a sentir.

Não venho aqui agora retirar o que disse.
Não, nem pensar.

Naquele dia disse "vai já passar, tenha calma...".

Tu olhas-te para mim com esses belos grandes olhos azuis, disses-te "sim" com a cabeça.
Apertas-te mais a minha mão...

Queria tanto que não estivesse a doer, queria tanto fazer parar...

Queria tanto...

É um daqueles dias que me vem mais a cabeça, sabes?

Depois parece que passou. Voltavas a sorrir como se não tivesses nada.

Adoro-te.

Agora choro.
As lagrimas chegam aos olhos. O corpo não aguenta e demonstra-o pelas lágrimas.

Penso em ti.
Tenho tantas saudades tuas...

Saberás?

Para me lembrar da tua cara tenho que me lembrar de uma foto que te tirei numa noite em que te fiz um carrapito no teu cabelo branco com um elástico vermelho.

Estavas muito bonita. Sorris-te para a foto.

Que bela rainha...

O presente de hoje é esta letra de música.

Podiamos ter sido nós a escrevê-la.
Encaixa tão bem...
Obrigada pela companhia.



"Se cuidas de mim eu...
eu cuido de ti também
Dentro da minha mão
eu guardo-te bem
Se amarmos do princípio
se perdermos tudo outra vez
vou marcar-te bem
como um sonho vão
dentro da minha mão

Se cuidas de mim eu...
eu cuido de ti também
Se vens em paz
eu venho por bem
Se formos bebendo o chão deste caminho
vou guardar-te bem
agora que sei
que não vou sozinho.

Por isso vem...

Há uma praia depois da sombra
uma clareira para me iluminar
Há um abrigo no meio das ondas
tudo é caminho para iluminar

Por isso vem..."

"Se cuidas de mim" - Tiago Bettencourt & Mantha
Obrigada Joana por teres colocado o videoclip no teu blog.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Almograve



Depois de 3 dias com cágados, salamandras, girinos mutantes e viscosos, cobras assassinas, relas que afinal não são sapos e garças reais que apenas me parecem ser pássaros ou coisas voadoras, tenho a dizer que:


- Gosto de falar com pessoas que lutam pelas causas, mesmo que saibam que não são causas apenas delas, que não têm fins de semana sem trabalho há 4 meses, mas que não hesitam em se meterem a caminho se forem chamadas;

- Gosto de ouvir pessoas que sabem dizer os nomes verdeiros dos pássaros que voam lá ao longe, mesmo que pareçam apenas visões;

-Gosto de pessoas autodidatas;

-Gosto de ver a alegria de alguém que encontra o que estava à procura

- Gosto de pastelarias pela manhã, pelas cores, pelo cheiro a pão cozido, bolos cremosos e café revitalizante;

-Gosto de ir e dizerem "É preciso ter alguma loucura para fazer isto." "Tem cuidado, porque quando se começa nunca mais se consegue parar."

-Gosto de não saber muitas coisas, porque assim posso fazer muitas perguntas e alguém ficará contente por me saber responder.

-Gosto de ti.

-Gosto que tenhas vindo.

-Gosto de chegar a casa e encontrar-te.

-Gosto que me digas "Boa noite." ao meu lado.

-Gosto que me oiças e que digas "estás a falar tão rápido!" :)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

1ª semana

Pois. É isso.

Acabo esta semana a ouvir "Não sei falar de Amor".

E não sei. Ainda não sei. Continuo sem saber o que raio se passa neste mundo.

Estou mais pequena. Tenho o espirito reduzido a um simples sinal de existência.

A semana começou com um adeus. Um daqueles que evitamos a todo o custo pensar que algum dia também nos tocará.

Ele disse que a amava, que gostava dos eternos abraços.
Ela disse que a amava. Que tinha saudades dela.

Foi uma despedida tão dolorosa...
Cantamos para ela. Uma canção de Deus.

"Estamos todos em comunhão"

Gostava de saber quem é que inventou a Fé.
Queria tanto mas tanto agradecer-lhe...

Vai ajudá-lo tanto, avó...

Depois os dias continuaram.
Eu sentada numa cadeira. O computador à minha frente.

Percebi uma coisa. Já não sei muito bem estar comigo.

Dantes ainda dizia que gostava de estar sozinha, depois deixei-me estar com os outros, estar assim como quem está, deixar-me ouvir, deixar-me falar, deixar-me...

Agora não sei conciliar as duas coisas. Que idiotice.

Fico estranhamente insegura, com a ideia de que não tenho capacidades para levar as ideias para a frente.

Não há à minha volta pessoas que olhem por mim e parece que só com alguém a olhar por mim é que tenho vontade e motivação para andar.

Como se voltasse a ser criança.

Já fiz alguém ficar triste, porque exijo que diga as coisas certas, que me traga a perfeição que falta aqui...

Desculpa. Peço-te coisas impossíveis. Não consigo pedi-lo a mais ninguém.

Eu sei que tenho que ser eu a levar as coisas para a frente, mas nunca ninguém disse como é que se começa do zero.
Dúvido de mim.

Eu quero tentar. Mas tenho que arranjar algo aqui que me faça ter uma referência.

Pensei em Deus.
Mas não tenho esse direito.
Não agora.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Segredo

Quando estava sentada à espera de ir ao altar falar-te ia desmaiando.
Não deixei que o meu corpo cedesse para não se preocuparem comigo, para conseguir dizer-te o que queria.

Antes de ir para a igreja sentei-me ao teu lado.
Senti-me estranhamente tão tranquila...

Não sei como aguentei ver-te uma última vez sem cair com o joelhos no chão, sem chorar.

Não sei como se aguenta simplesmente...

Só sorri.
Só consegui-a pensar "sentes o sol na tua face?".

Desculpa não ter estado lá na hora.

Tenho tanto medo de me esquecer da tua cara, avózinha...

Às vezes já acontece. Mas depois penso só nos teu olhos, depois só no teu nariz, depois só na tua boca, nas tuas mão... Isso consigo. O todo já é mais dificil.

A tua voz já não consigo quase nada.

Desculpa.

Oiço-te com outra coisa que não os ouvidos.

Fui ver um teatro. Do ritual, das coisas que se esperam.

Quase que falava de nós.

Digo quase, porque eu não esperei.

Não queria esperar. Não queria ver-te deitada, não queria ver as feridas, as coisas más.

Tenho saudades tuas, de te ouvir, de me chamares.

Sim, é da voz que tenho mais saudades.
E dos teus olhos, os olhos azuis.

Ainda há uma coisa que se mantem, como se ainda estivesses lá, aquele diálogo quando saía de casa.

- "até logo, vó"
- "até logo. boa sorte e boa viagem."

Ainda quase que o digo.
Ainda quase que o oiço.

Esta é uma das coisas que ainda se mantêm.

"temos que deixar os nossos mortos irem, temos que deixar correr a maré".

um beijo.

terça-feira, 2 de março de 2010

Criança. Infância. Sossego.

Atravessamos uma estrada escura, sem luz, sem vento, sem sombras, sem nada.

Atravessamos a estrada sem ninguém ao lado.

Atravessamos a estrada assustadas, com medo dos carros, com medo do choque, de um abismo desconhecido, mas não tão grande como este.


Este é o dia em que nos afastamos e colocamos por terra o que tinhamos construído.


Pergunto: "Como é possível, avó? Como é que deixaram de nos proteger e nos deixaram sós na estrada? Como é que se consegue ser tão... inesperado?"


Só se consegue acalmar o espirito externo das crianças.

O espirito que não se vê continua lá, assustado, aos gritos, dizendo que tem medo, que não vê a luz, que não sabe onde está. Aquele que só consegue dizer "eu não quero voltar para trás!".



Somos crianças.



Daquelas que pedem ajuda às mamãs ao telefone.

Daquelas que só pedem A voz que as acalme. "Não me venhas buscar, fala só comigo! Estou assustada".


Loucura. Palavras soltas e mordazes, feridas, com o olhar perdido, pouco fixo, palavras desconexas e insignificantes.



Sabes vó, não tenho palavras mágicas.


Queria só que as pessoas não fossem más.


Acho que sou como tu.


Tinha escrito um texto para ti. Falava do cheiro das livrarias. Acho que vais gostar. O primeiro. Achava eu.


Foste cúmplice do seu segredo. Posso pedir-te que...





domingo, 7 de fevereiro de 2010

Lá dentro.

"-Cuidado!
-Eu não te magoei...
-Magoas-te, magoas-te!
-Não magoei nada!
-Como é que sabes? - e colocando a mão no peito - Não estás aqui dentro!"



Tomei a liberdade de retirar isto de um blog osanjostambemcaem.blogspot.com.
Estava tão bom... não resisti =)

O que vinha aqui fazer hoje não estava nada relacionado com este tema, magoar os outros e tudo o que não vemos, mas não faz mal.

Assim foi melhor.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Já foi

Hoje escrevi quem era numa folha. Só para mim. Despida e nua de conceitos abstratos e complexos.
Depois apaguei.
Decidi não enviar.
Queriam que eu abrisse o coração e ao som de uma música arruaceira disse para mim coisas que até hoje só pensava.

Nunca tinha feito isto.

Disse coisas feias. Reais e pronto.

E é isto.

Ainda sou aquilo. De outras formas diferentes e mais rústicas.

Puro e duro.

Coerente?

Já acordei em cadeiras de hospital à espera de alguém, com a esperança de que a partir dali o mundo começasse a ser diferente e as pessoas não olhassem mais para mim como se eu pudesse fazer alguma coisa.

Há coisas que eu não podia ser, fazer. Só sentir.

Já fiz porcaria, da qual me orgulho =)

Foi bom estragar aquele milho todo ao senhor. eheh

E mais estrgava... se houvesse!


Escrevi o que queria mostrar. Mas depois relativisei o assunto, seleccionei o texto e "delete".


Às vezes basta ler para se saber, depois já não interessa.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Amanhã será outro dia

Deitas-te.

Adormeces devagar.

Ela já está a descansar. Já lhe colocas-te o cobertor, já a aconchegas-te.
Ela ficará bem.

Há dias assim, não possiveis.

Olho para ti, não me vês, não faço barulho.

Dou-te um beijo de boa noite na tua face quente de fada mágica e sublime.

Amanhã estarei contigo. Dar-te-ei a mão pela cidade.

Respirar.

O vento trouxe a chuva e com ela a lavagem dos dias sujos, dos passos errados.


Quero-te ouvir e quero tanto...

Como estarão os teus olhos?

Tenho reparado que os dias estão longos...

A chuva não deixa caminhar sem nos molhar.
Saberá ela que aproxima pessoas debaixo do chapéu?
Gosto mesmo dela.