sexta-feira, 27 de maio de 2011

Campanha

Opa... sério sério sério... Eu devo viver noutra realidade, daquelas assim meio para o paralelas, ou aquelas que existem ao mesmo tempo que esta onde estamos, mas que não é esta em que estamos.

Vá, eu explico... Então não é que as pessoas se deixam levar por um beijinho e abraço e sorrisinho amarelo torrado dos políticos?

Bem, volto a explicar... Ao que parece quando um senhor candidato se desloca a uma terriola, é sempre com o objectivo de "mudar votos", de "sacar votos a outros partidos", vai acolá ver se as pessoas mudam de ideias... E não, não dão dinheiro, nem se oferecem para as levar ali a Lisboa para conhecer os centros comerciais, e nem lhes chegam a dar um rebuçadinho de morango ou ananás... Não!! Qual quê?! Malucos vocês(es)... Os politicos são do antigamente, acreditam nas relações e nos poderes que o contacto físico, o "entrar na bolha do outro", tem.

Eles OFERECEM beijos e abraços!!

E pelo que parece (dado as mudanças de percentagens nas sondagens...Não há outra forma de ver, parece.me) as pessoas pensam: "epa, este beijinho foi mesmo gostoso.. é isso mesmo, vou votar em ti, pah! És tão fofinho e carinhoso e dás tantos miminhos..."

Enfim...

Não sei o que se passa com o povo... Carências não é? Deve mesmo ser isso...

Já não damos abraços grátis, já não estamos próximos uns dos outros...

Ainda bem que há campanha!
Tenho ideia que o nosso Presi Cavaco pensou nisso mesmo: "vamos lá dar uns carinhos à malta".

Foi, foi isso mesmo.

Obrigada presi, obrigada FMI, obrigada Bancarrota, obrigada... Políticos fofinhos e amorosos.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Ssssshhhh

Coloco a cabeça naquele corpo adormecido.



Coloco-a no peito, no meio daquela escuridão.






Tum tum... Tum tum...






O coração...






Coloco a mão sobre a barriga, faço alguns circulos e paro...






Abro os olhos na escurdião.



Depois de me habituar a ela consigo ver o corpo, a boca, os olhos, o nariz...




Fico assim. Imóvel. Respirando devagar.




Junto-me mais.


Sinto o calor.

Deixo-me ficar.






Este é o segredo: deixar-me ficar.



Não interrompo o destino (se é que ele existe).



Melhor, não interrompo a serenidade.


Temos que cada vez mais nos deixar ficar, acalmar a inquietude, os movimentos rápidos, apressados, sem sentires.




E é neste ambiente de calor, imaginado pela alma e que o corpo quer mais perto, que deixo o sono vir e adormeço...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Não sentes nada

Entrei em transe.
A noite acabou tarde.
O cansaço era algum.
Sentada num banco, ao final do dia, olho para aquela mãe que dá um jeito no cabelo da filha.
Os ganchos teimam em não prender, caem, soltam-se.
Não oiço, não penso... Só sinto a minha cabeça encostada naquele ombro.

Depois... a mãe pára, consegue que se prenda o cabelo e... e eu acordo. Não um acordar de quem dormia de olhos fechados, mas um acordar de quem está em transe.

Olho para ele e sorrio.
A menina coloca alguns brinquedos em cima do banco.

Estamos os dois assim. Sinto-o.
Num estado contrário ao de alerta. Num estado em que a verdade e a realidade nos aparece e nós aceitamos o que se nos depara diante dos olhos.

Não dizemos nada.
Só sorrimos pelo nosso estado de transe.

Valeu a pena. Pela alma que é grande e não se vê.

"Eu conheço um atalho" digo eu.
Mas gostava de não conhecer.

Porque estamos sempre com pressa, nos dias de hoje, e não devíamos.
Queremos sempre chegar a horas, sempre pelo caminho mais rápido para chegar a um sitio e ver uma determinada coisa que acaba rapidamente.

Acho que o Amor é aquilo que sentimos quando não falamos e estamos em transe. Em que os sentidos são "acordados" à medida que são "tocados". E o Amor toca em todos, mas só alguns de cada vez...
E hoje, num dia assim como este, gostava de dizer que estamos onde deviamos estar. E se não estivéssemos, estaríamos mais tarde, ou até antes.
Digo também que aquele ombro que me acolheu, durante um bocadinho, naquela hora e em estado de transe me fez sentir como se estivesse a chover lá fora e estivéssemos à frente de uma lareira a ouvir estórias de alguém que sabe contar e inventar.
Fez-me sentir bem. Fazes-me.
Eu Sou contigo.
O Bem e o Mal.
A Verdade e a Vontade.
As Palavras fáceis e as frases que não se percebem.
Eu sinto aquela coisa que se sente quando vamos ver um concerto de uma banda que não conhecemos bem mas que nos surpreende e nos faz dançar num sitio onde nos fomos conhecendo debaixo de um som que não nos deixava ouvir o que dizíamos e que nos fez conhecer os gestos de que gostávamos um no outro.
é só isto:)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Continuo sem saber

Continuo sem saber como se faz, como se consegue, como aguenta a alma e principalmente o coração...
Como é que ele não rebenta? Como?!
Como é que não nos falham os músculos das perna e nos metemos de joelho?
Como?... Como se faz?

Fazemos.
Limpamos a laje, pensamos como era dantes, como era aquele dia, como éramos, o que não demos, o tempo que não passamos na sua companhia...

"Ai o que um neto perfeito não faz..."

E eu penso: "Como terei sido eu? Terei cedido as vezes que eram precisas e as que não eram? Terei deixado a zona de conforto? Terei conseguido ser o que era preciso?"

Julgo que não.
Mas gostavas de mim na mesma.
Eu era a única pessoa que reconhecias nos últimos tempos.
Lá devo ter feito alguma coisa, mas acho que pensamos sempre que não é o suficiente, não é?

Limpo.
Mando água.
Limpo a areia que se aloja nos cantos.
"É só isto que agora posso fazer e faço-o", penso.

Depois... Depois venho embora.
"Feliz dia da mãe, avozinha"

Amor é o tempo

"O comboio está atrasado vinte minutos. Pergunto-lhe se ela quer ir tomar um café e ela pergunta-me para quê. Para passar o tempo, respondo. O tempo passa na mesma, diz ela. E tem razão. Fico a contar os segundos que vão passando enquanto o vento lhe serpenteia os cabelos como se estivesse a tentar dançar com eles. É bonita, e zango-me comigo mesmo por a minha primeira opção para passar o tempo ser ir tomar um café e não ficar a olhar para ela. Ainda bem que não fui. Ainda bem que não fomos.

O tempo é a prenda da vida, e às vezes ajo como se estivesse sempre a tentar gastá-lo. Nem o chego a desembrulhar e a agradecer a oferta. É uma merda, ser assim. Acho que é e sempre foi o maior obstáculo ao Amor.

Uma vez disse-lhe, com um ar cansado, que não tinha nada para fazer. Era sábado à tarde e a cidade encolhera-se num enorme silêncio perante a agressividade da chuva. Não podíamos sair a não ser para cantar o Singing In the Rain. Ela olhou para mim durante alguns segundos, não percebi se zangada ou simplesmente com pena de mim, mas percebi que tinha acabado de dizer uma coisa estúpida. Estávamos os dois no mesmo apartamento e amávamos-nos. Não termos nada para fazer era o melhor que nos podia acontecer. Calei-me e baixei os olhos derrotado pela mania que os meus reflexos têm de contornar o Amor. Ela saiu da sala e só voltou uma hora depois. Acabámos abraçados com os meus dedos a dançarem nos cabelos dela. Os mesmos cabelos que olho agora.

Estou a pensar que não lhe torno a fazer isto. Nem a ela nem a mim. Não torno a falar do tempo que é só nosso como se fosse dispensável. Porque não é. Na verdade é o tempo mais importante da minha vida. Ainda por cima não se repete, o sacana. Quero estar com ela outra vez sem nada para fazer, para poder sorrir-lhe e abraçá-la sem o meu estúpido ar de tédio.
Que merda, esta mania que o Amor tem de se esconder por trás de coisas insignificantes. Ora atrás dum café, ora atrás dum jogo de futebol ou de um filme estúpido de que nunca ouvi falar. Não o deixo mais. A partir de agora vou lembrar-me: o Amor é o tempo, o Amor é o tempo."

roubado com o devido pedido aqui: http://naocompreendoasmulheres.blogspot.com/