sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O Amor é como se estivessemos em casa

"Sempre me fizeram muita confusão as perguntas do género "pensas que estás na
tua casa?" ou "pensas que estás no café?". Acho que foi uma
professora de português, a primeira que me perguntou se eu pensava que estava no
café, quando um dia me viu com os pés estendidos em cima duma cadeira vazia. Eu
respondi-lhe que não, até porque no café nunca fazia aquilo. Ela expulsou-me da
aula.

Era óbvio que eu não pensava que estava no café, mas sentia-me tão bem ali
como na minha casa, e por isso é que tinha estendido as pernas para a cadeira da
frente. Sentia-me melhor enquanto lia Camões se estivesse ali como na minha
casa, e esse é o melhor elogio que se pode fazer a alguém. Eu achava-a boa
professora e gostava das aulas dela. Era só isso. Era um elogio.

É também assim que se está no Amor, por exemplo, exactamente como se
estivéssemos na nossa casa. Se não estivermos assim com alguém, então não é
Amor. Até pode ser bom, mas não é Amor. Será eventualmente uma espécie de
amizade, e então estamos como se estivéssemos no café, a pedir por favor que nos
tragam uma bica e esperando que nos limpem a mesa com uma toalha antes de o
servir.

O Amor é a nossa casa, porque quando ali chegados atiramos um sapato para
cada lado e andamos de meias pelo chão. O Amor é isso, estarmos sempre na
posição mais confortável para o nosso corpo e alma sem que o outro pergunte onde
é que achamos que estamos. É que estamos com ele, com esse Amor, e é por isso
que é assim. É assim no que dizemos ou calamos, no que rimos ou choramos, no que
abraçamos ou beijamos.

Foi a palavra casa que deu origem ao verbo casar (casa + ar), e é isso
mesmo que é casar. Estou a dizer isto porque ontem, depois de um dia de merda,
abracei a Raquel e pousei a minha cabeça no ombro dela durante alguns segundos e
em silêncio. Ao mesmo tempo deixei cair a mochila e o casaco no chão do corredor
enquanto me descalcei e atirei os sapatos para lugar incerto. Ela não me
perguntou se eu sabia onde é que eu estava porque ambos o sabíamos. Se não for
assim, até pode ser bom, mas não é Amor."

domingo, 13 de novembro de 2011

Maria João





Olho para esta senhora quando canta.







Não há muita gente a gostar dela, confesso. Dela ou das suas músicas estranhas, esquisitas e até da forma como se expressa. Também não gosto de todas.


São dificeis algumas.



Um dia fui ver um concerto da Rita Redshoes e houve também quem se queixasse da "forma teatral (excessiva, diziam)" em que estava envolvido o concerto.



Mas depois oiço-as a falar da música, mais a Maria João que é quem quero referir neste post.



Eu oiço-a com muita atençao. E faço-o porque ela tem uma coisa que se chama magia e fala como quem ama o que "interpreta" e sente quando está num palco.



É impossível para mim não ficar presa. Ela fala e sabe o que dizer, seja por palavras seja pela postura, sobre aquilo que ama. A música.




Admiro bastante pessoas que sabem do que falam e não se engasgam quando falam do assunto, que sabem falar daquilo pelo qual estão apaixonadas ou que amam e que não dizem "É uma coisa que se sente, não se explica"



Há quem saiba explicar, há quem me saiba dizer "para mim o amor é..." sem medo de o dizer, sem medo de não estar completamente certo.

E para mim o Amor passa a não ser uma coisa assim tão complicada de explicar, de sentir, de perceber. Há demasiadas "novelas" nesta vida, o Amor não é uma delas.

O Amor não é isso. Não é o orgasmo, não é o fogo de artificio, não é o reencontro, não é a entrada na igreja, não é a 1ª aula de condução, não é a loucura e o impulso. Não é. Para mim não é.




O Amor não é dizer "amo-te".

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O shiuuuu disse


"O amor é eterno"


E leio esta frase exactamente quando a música se cala
e há um silêncio enorme que me envolve.

E pela primeira vez, desde há muito tempo,
não sei simplesmente o que dizer.
Por isso, vou ficar assim.






sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Morte

A maior injustiça de morrermos é não podermos viver mais.
é não podermos rir mais, não podermos correr mais, não podermos chatear mais alguém, não podermos chorar mais, é não podermos ter frio...

Percebem? É injusto morrer porque a morte supõe não podermos viver. Sentir.

E isso, meus caros, é uma merda.
Uma valente e derradeira merda.

Porque viver é a melhor coisa do mundo.

Até nos filmes, quando alguém morre, eu tenho pena. Porque já não vai viver, não vai acompanhar as coisas da vida.

E parece óbvia, toda esta conversa, mas acreditem, não é. Quando perceberem isto vão dizer o mesmo que eu: "que merda"

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O vento não faz barulho se não o quisermos ouvir

O ano do pensamento mágico.
Eu não o tive.
Passei-o à frente muito facilmente.
Os meus pessadelos era estares viva. Teres que passar por tudo outra vez.
Eu não queria, acordava assustada.

Agora estou naquela fase em que vou visitar-te e não choro.
Olho, penso, lembro e nada acontece.
Tenho medo desta fase.
Tinha.
Porque ontem aconteceu.
Aconteceu que no silêncio do sitio, o vento soprou-me ao ouvido, agarrei os meus braços. Olhei.
Fechei os olhos e senti o teu beijo. Fresco. Com barulhinhos de vento doce.

As lágrimas, a dor na garganta, os pensamentos constantes na tentativa que me ouvisses "vó, eu lembro-me de ti, eu lembro-me, eu lembro-me. Espero que estejas bem onde estás, espero que tenhas amigos aí, espero que estejas a tomar conta da mãe dele. Eu lembro-me"

Era só isto que me vinha à cabeça.

Às vezes, de forma engraçada, aparecem-me imagens tuas.
A última foi contigo a comer.
Aquilo sem dentes era muito engraçado de se ver :)
Passei muito tempo a olhar para ti, sem te aperceberes, só pela graça de te ver comer e concertar os óculos que deslizavam pelo nariz pelo movimento dos maxilares.
E lembrei-me também de quando me deitava ao teu lado e as minhas pernas eram o teu apoio para te poderes encostar.

Escrevi sobre ti numa carta, falei-te a alguém.
Espero que tenha sido justa à realidade.
À minha realidade.
Adoro-te.
Obrigada pelo silêncio e pelo vento.
Senti que estávamos próximas.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Das realidades oniricas


Sei que vivo uma realidade paralela.
Agora sei que sim.
Levei 2 manhãs a perceber isso.
2 manhãs.
Ninguém demora tanto tempo.
Demoro eu.
Mas também não há muita gente a acordar abraçada.
A acordar com alguém a procurar por si.
A acordar de carinho cheio.

E hoje, por nada em especial,
quis vir aqui dizer que me sinto uma sortuda.
Que de facto devo ter feito alguma coisa.
Sou de gostos fáceis mas de traços difíceis.
De qualquer forma,
devo-me ter portado bem pelo caminho.

E percebo isso pelas manhãs.

"Queres café?"


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

(sem título que não me apetece inventar)


Um dia decido ser a melhor numa coisa qualquer
e Sê-lo-ei.
E hoje, mesmo mesmo hoje, vou dizê-lo.
"O meu objectivo é ser a melhor"
Não vou sê-lo porque vou ser melhor que A ou B.
Não.
Vou ser a melhor, porque serei a melhor de todas as melhores entre as melhores.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

As escolhas e o "voltar arás"

Por vezes fazemos escolhas que mudam a nossa vida.
É o cliché de sempre
Fazemo-las quase todos os dias.
Quando amamos alguém, então, elas estão presentes a todo o momento.

Um dia mudei o rumo, saí do que era aquele grupo,
aquele clube, aqueles amigos.
Fez sentido, era o tal sonho que seguia.
Não me arrependerei nunca.
Houve pessoas tristes, mas nunca falhei.
Fui honesta e despedi-me grata.

O sonho era antigo, a vontade enorme.
Todos percebem.
Aceitam de uma maneira ou de outra.

O problema coloca-se quando,
a certa altura,
pelo desenrolar dos acontecimentos,
eu posso voltar a este grupo que deixei.

O sentimento de falha atravessa.
Aquela coisa de sensação de retrocesso instala-se.

Na verdade nunca fui grandiosa.
Não fui, admito.
O sonho realizou-se e voltar atrás parece...
Desapontante (?).

Não volto atrás melhor do que saí.
Não volto mais evoluída nem sabedora das regras e táticas.
Só volto.
Podia ir para outro sitio, continuar com algumas pessoas, mas...
A vontade de ir ensinar está a mexer cá dentro.
Não ensinar porque aprendi lá no outro lado,
mas porque um dia também me ensinaram e tenho cá a Vontade.

No final das contas bem feitas, é possível que nem vá para lado nenhum.
O mais certo.
Mas hoje, por causa de uma noticia,
sinto-me assim, ansiosa de voltar.


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Das amizades de sempre

"Eu adoro-te princesa e quero que acredites sempre que somos um!
Eu confio tanto em ti e no teu coração... Gostava que tantas coisas fosses diferentes. Gosto que tantas coisas sejam como são! Todos os dias há sol! todos os dias há Deus onde tu quiseres! Todos os dias há nós! E isso nem os trabalhos, nem os exames, nem as desilusões podem apagar!
Hoje tudo pode estar no extremo mas nunca te podes esqueçer que há um espaço só teu, onde ninguem pode tocar! Esse é o espaço da tua liberdade! E é tão importante... e está sempre lá: como o sol! Pára. Sente a tranquilidade de um momento ao vento*

Não quero voltar a cair na teoria longinqua que consegue tornar tudo tão ilusóriamente perfeito. Só quero que estejas bem, acima de tudo! E tu sabes que voltar ao mais básico, ao mais fundamental é um bom ponto de partida... Eu estou aqui, embora não pareça... Muito aqui, muito para ti!

És tão especial pricesa! a proximidade da perfeição não é fácil (é o que eu digo á minha mãe!), pode parecer ingrato, injusto e desmoralizante, no minimo, mas é muito mais gratificante e de valor. Continua à procura do teu tão belo VAI. Ele ajuda-te, sempre! (mesmo quando parece só confundir)

Agora não penses, dorme... e quando acordares lê um poema do alberto caeiro e encontra a felicidade! utópica, eu sei, mas o Pessoa diz que ele é o mestre, não é? Não sei se é muito fiável acreditar nesse homem actor, mas em 120 anos alguma coisa deve ter aprendido para nos ensinar...

Não quero sair daqui... Quero estar aqui, bem contigo, mais tempo e mais tempo....
Vou ficar aqui!
Quando leres este e-mail ainda aqui estarei, bem em frente ao computador, bem à tua frente, a pensar em ti* muito em ti."

Das escritas

Nem sempre me apetece escrever.
Aliás, só cá venho quando há a inspiração.
De facto, ultimamente ela tem...hum...escasseado...
Acho que é porque tenho a "veia entupida"
Até tenho ouvido música bonita.
Na 6af até me apetecia, mas não tinha papel e caneta (pela centésima vez o pensamento "não te disse já para andares sempre com isso atrás?").
Mas pronto.
A causa do entupimento só pode ser dos nervos, só pode.

Há uns tempos atrás a esperança no futuro surgiu pelas palavras de uma velhota que me diz sempre "és uma joia"; naquele dia ela estava mesmo mesmo fofa, sentada numas escadas à porta de casa. Disse que eu ia conseguir, que ia arranjar logo, rapidamente. Eu acreditei e fiquei com o coração cheio.

Se aparecesse o gigante, o lobisomem, o dragão de duas cabeças, era gaja para partir aquilo tudo tal era a força e garra daquele momento (isto se não fosse um dragão cuspidor de fogo... esse talvez fosse mais difícil, não sei, nunca vi nenhum).

Mas depois, como acontece muitas vezes e a muita gente boa, esse sentimento tende a diminuir o grau e voltamos quase ao mesmo.

Eu digo que sim, que isto se não for no lado direito há-de ser no lado esquerdo, ou por cima, ou por baixo, ou até invento, mas depois...raios parta!

Enfim.
Hoje li um e-mail que um dia me enviaram.
Vou buscá-lo e emoldurá-lo.

Um dia vou mesmo acreditar naquelas palavras bonitas de quem acredita em mim e fazê-lo.
Ai se vou!





Zorro


Eu quero marcar um Z dentro do teu decote
Ser o teu Zorro de espada e capote
P'ra te salvar à beirinha do fim
Depois, num volte face vestir os calções
Acreditar de novo nos papões
E adormecer contigo ao pé de mim

Eu quero ser para ti o camisola dez
Ter o Benfica todo nos meus pés
Marcar um ponto na tua atenção
Se assim faltar a festa na tua bancada
Eu faço a minha ultima jogada
E marco um golo com a minha mão

Eu quero passar contigo de braço dado
E a rua toda de olho arregalado
A perguntar como é que conseguiu
Eu puxo da humildade da minha pessoa
Digo da forma que menos magoa
«Foi fácil. Ela é que pediu!»

Zorro (João Monge/João Gil)
António Zambujo

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Segundo(a)s pensamentos


A semana começa sempre assim,
já há algum tempo:
Na paragem do autocarro.
Hoje sintonizamos as antenas e as frequências
e dizemos até sexta.

Não, afinal acho que não dissemos.
Nunca dizemos.
Curioso...

A primeira coisa que pensei foi:
Amar alguém é muito difícil.
Temos mesmo que ser muito mais do que aquilo que somos.
A paixão leva-nos ao engano,
diz-nos que tudo é possível,
que é mesmo aquele tipo,
que vai ser para sempre.

Mas não é verdade.
Temos mesmo que Estar com o outro.
Temos mesmo que nos unir.
Os pensamentos egoístas têm que ser reformulados.
Se amamos temos mesmo que o fazer.

"Amar não é fusão, não é deixarmos de ser nós mesmos",
"não nos anulamos quando amamos"

O objectivo é ser melhor,
tornar os gestos mais bondosos,
pensando no outro,
naquilo que conhecemos dele e das suas Vontades;
numa constante leitura e conversa.
Acho que no inicio é mais conversa,
depois também aprendemos.

Reformular.

Amar é reformular.
Acho que é possível.

Mas é muito muito difícil...
Mais do que aprender tocar viola.
Acho que é um pouco como conhecer uma cidade nova sem saber nada dela.
No inicio é só ver.
Vemos o que nos pode interessar, o que é bonito, o que o olhar gosta.
Depois conhecemos as histórias,
o que significam aquelas escadas,
os monumentos...
Essas coisas.
E aprendemos a gostar.
Com o bom e com o mau.
Ou nem aprendemos e passamos logo a senti-la nossa.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sobre o amor

Parada, em pé, olho para o que vejo à frente.
Quase choro, porque a cena é comovente... O pai que abraça o filho, depois de acabada a celebração que o une a uma mulher para sempre.
O pai chorava e o filho acompanhava...
Talvez nunca tivessem estado assim até aquele dia.
O pai andava melancólico.
Agora o ninho ficava vazio.
Agora o seu filhote já não dormia em casa, já não pertence ali.

No fundo, criamos um filho para o preparar a viver o Amor, a união, o respeito e entrega pela sua mulher. E preparamo-lo para que no futuro também ele prepare o seu filho e é assim durante a eternidade.
Educamos para o Amor que o há-de levar para outro ninho.
Damos as armas para que ele cuide e viva com alguém ao seu lado.

No final daquele dia pensei: todos deviam de presenciar este dia, esta festa, era mudança na vida de alguém.
Pensei que todos os pais e todos os avós, deviam estar lá, naquele dia, a serem felizes pelo seu filho e neto.
Pensei que todos deveriam ter o direito de viver este dia, estas danças, esta...alegria de união.
É um dia de princesa e de príncipe.
E ninguém devia de perder este momento.
Ninguém.

E o padre diz: "vocês são agora o sinal do Amor de Deus. Têm a responsabilidade de transportar esse facto. De demonstrar que Deus nos ama através da vossa união."

O Amor é a pessoa que Amamos.
Só há Amor porque há Deus; o Amor foi a prova de Deus, é Deus. Sem ele não existiria o conceito e o significado dele.
E eu chego ao final do dia, já com a noite bem lá no alto, entre abraços e mimos pela dor de barriga, deitada no peito de quem me faz sentir bem.

O Amor, meus caros, não é aquilo que vocês pensam que é.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Perfume de homem

Vais embora.

Sais pela porta e eu vejo-te ir.

Resta-me o cheiro em mim.

Depois do que vi lá no longe, fico com certezas mais...próximas.

As palavras não andam de passagem aqui por estes lados, é verdade.

Mas... sentada no chão de pedras e ervas soltas, oiço o fado e tenho a certeza. Tenho a certeza de que pertenço ali, aquele chão, aquelas pedras... E começa ali o Mundo, e ali vemos o que há de belo e de nosso.



Confesso que quase deixei cair a lágrima.

Pela beleza do que via e ouvia.

Eu não oiço as letras, não estou atenta ao que se diz, nem em português. Escuto a melodia, deixo o corpo entregar-se a esse espirito de magia... Por vezes perco alguma beleza, noutras nem por isso... Vou pela essência. E essa é a melodia, o ritmo, o som, os acordes, o silêncio entre os acordes.



Agora que estou sozinha e te escrevo, digo só que o coração ficou à tua espera.

E que gosto mais de ti do que aquilo que digo.



quarta-feira, 20 de julho de 2011

Aventura

Vou até ali e talvez por lá fique :) só um bocadinho...








As músicas

Falta pouco.
Na verdade é como se começasse já amanha às 18h.
Quanto mais próximo, mais o formigueiro se instala... mais a emoção me leva para lá.

E hoje sonhei contigo, avózinha.
Sonhei que te dava um beijo (ou será que foste tu?)
Acordei e lembrei-me da tua cara.

Gostava de te ter perguntado um dia o que era Deus para ti. Porque lhe rezavas, porque acreditavas nele.
Um dia, numa noite em que tinha vindo tarde para casa, perguntei-te coisas da tua vida.
Mas estavas cansada, com sono, mandaste-me dar uma volta.
Disseste mesmo que não tinhas tido homem nenhum, que a vida não dava para isso, tinhas que trabalhar. E filhos? Não tenho.
Escolhi mal o dia, mal a altura, mal o teu estado.

Só me conhecias a mim.

Eu era melhor e mais próxima quando estavas comigo.
E sinto falta disso.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

E pensei

Acho que uma das coisas mais bonitas que temos a capacidade de fazer é permitir aos outros que sejam o melhor de si.

Quando alguém gosta de nós, tenta ser o máximo que consegue, indo além dos limites, superando-se.

Por isso é que os outros terão sempre a capacidade de nos surpreender.

Acho que isso é muito bonito.

E acho que é quando somos e queremos ser melhores que sabemos que gostamos de alguém. Mesmo a sério.

Neste últimos tempos tenho aprendido que é possível sermos sempre melhores.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Várias danças

Hoje apetece-me começar este texto com:






"Sabemos que gostamos de alguém quando..."






Só não sei como terminar este começo.






Quando temos saudades não quer dizer que gostamos.



Isso é simplesmente ter saudades.



Não sei porquê.






Quando queremos estar com essa pessoa não quer dizer que gostamos.



Isso é só vontade.






Acho que este começo é só para desviar as atenções.



Para que não se leia o resto.






No fundo quero dizer...



Que hoje,



depois de um dia de pensamentos maus,



senti que um dia posso ter que ir para longe.



Que um dia não saberei adaptar-me às exigências.



Que um dia poderei ter que seguir a missão.



Que não sei lidar com indecisões que não dependem de mim.






Acho que isto se chama crescer.






Um dia, quando eramos mais pequeninos, também sofremos com os dentes,



com o aprender a andar de bicicleta sem rodinhas atrás, a dar as curvas...






Agora,



um bocadinho maiores também temos que saber dar a volta.






Gostava só de estar mais perto, de ter alguém mais perto.



Acho que é só mais isto que custa.






Mas também saberei dar a volta nisto.



Não aprendemos sempre?






acho que devias de vender cheiro aos frasquinhos






Um dia somos sempre confrontados com a falta que as coisas nos fazem.



Sejam quais forem os atalhos que apanhamos para lhe fugir.


















segunda-feira, 27 de junho de 2011

Justiça ou o sentido dela

Hoje comecei a manhã e semana a pensar neste tema.

Um dia uma amiga dizia-me que eu era uma pessoa justa.
Levei aquilo como um elogio. Mas acho que não percebi como o poderia ser.

Eu digo o que acho o que para mim é justiça.

Justiça é ser justo.
Simples, certo?

Aprendi com as crianças com quem às vezes trabalho e brinco.
Se faço alguma coisa sem respeitar as regras e que as faça sentir prejudicadas, eles dizem alto: "Isso não é justo!"

Nunca nos podemos esquecer das regras com as crianças.
Queremos que elas as respeitem. Temos que as respeitar ainda melhor.

E se queremos introduzir uma regra nova, sem ter avisado no inicio, sem ter deixado este ponto novo bem claro, ao menos que ele influencie um elemento neutro, eu que fique com aquele ponto que se ganhou com a nova regra; eles não o querem. Não seria justo.

E é nestes jogos, das regras para todos, que temos que ver todos os lados.
E se não virmos, não estaremos a ser justos.

Por isso é que acho que a justiça é uma coisa inventada e impossível.
Afinal:
a nossa justiça é baseada em quê? De facto será apenas no nosso sentido individual e cultural.
Nunca nada será justo para todos. Vejamos os Direitos Humanos. Há lá uns poucos que não respeitam umas quantas especificidades culturais.

A justiça quer que todos fiquem no mesmo patamar, que ninguém saia prejudicado, que no final os lesados sintam que ficou tudo claro e foram compensados.

Mas isso....meus queridos... é impossível.

Lembro-me que me contaram que dantes (e talvez ainda seja assim), aos ladrões cortavam-se as mãos.
"Olho por olho. Dente por dente"

Quem faz mal, terá que perceber como aquele mal faz sentir as pessoas a quem faz mal, uma espécie "e se fosse a ti?"
Mas isto, para além de não ser o tal "pedagógico", também pode ser contestado com o "violência gera violência".

Claro, meus caros, claro que sim, claro que terão razão. Mas não é justo? Não é justo que alguém que vos puxe o cabelo também tenha alguém que lhe puxe o cabelo para saber o quanto doí? Sim, não deixa de puxar porque vos está a causar dor, não deixa de vos magoar porque de repente teve pena de vós, mas sim porque se não parar, também lhe vai continuar a doer a ele.

A justiça é impossível.

Claro que o melhor seria que ele deixasse de puxar porque sabe que aquilo doí e não vos quer magoar; claro que ele devia de sentir, lá dentro no peito, um respeito tal, uma compaixão, que o impediria só de pensar em puxar o cabelo. Claro.

A justiça é impossível, porque simplesmente só se fala em justiça quando algo acontece e nunca devia ter acontecido. Não há recompensa possível para quem se sente injustiçado de uma maneira ou de outra.
Será justo ver sofrer alguém que nos puxou o cabelo só para se fazer justiça? Como nos podemos sentir bem com algo que consideramos, ainda há 5 minutos, injusto? É a máxima do "olho por olho..." E eu não posso julgar isso. Compreendo e provavelmente também o pratico.

A justiça só existiria se soubéssemos chegar ao coração dos Homens de forma a que eles não tivessem os comportamentos injustos.

Tentamos equilibrar as coisas, tentamos dar o exemplo, demonstrar pela mesma forma aos "bandidos" que aquilo que fazem é mau. Puxamos o cabelo aquele menino que puxa o cabelo ao colega. E ele aceita essa "justiça". Para a próxima lembrar-se-á... Mas só não volta a repetir o gesto mau por causa do medo.

É o medo que nos faz sermos "justos".
O medo do derradeiro universo que sempre volta para compensar os lesados.

E aqui já se percebe porque digo que a justiça é impossível... Porque não tem um fundo genuíno.


Mas se de facto a justiça existir, então Sermos justos está na mesma proporção da nossa capacidade de nos tramarmos. Somos mais justos quanto mais dispostos estamos a assumir as nossas acções e as suas derradeiras consequências. Acrescento ainda, que a justiça só e apenas será justiça se provocar alguma mudança de atitudes em prol do bem comum.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Uma mulher não perdoa uma única coisa no homem: que ele não ame com coragem. Pode ter os maiores defeitos, atrasar-se para os compromissos, jogar futebol no sábado com os amigos, soltar gargalhada de hiena, pentear-se com franjinha, ter pêlos nas costas e no pescoço, usar palito de dente, trocar os talheres de um momento para outro. Qualquer coisa é admitida, menos que não ame com coragem.

de Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Tonight

Gosto sempre de pensar que és tu.
Gosto sempre de pensar que és tu que está sempre lá.
Gosto mesmo.
Tranquiliza-me pensar que estás lá.
Que és tu que facilitas, que afastas o perigo,
que entra na consciência e a muda para o nosso melhor.

E penso sempre nisso quando:
ele volta para casa,
ela entrou naquele curso,
ela tem amigas para conversar,
há dinheiro para pagar as contas,
alguém olha enquanto ela se veste,
se chega a casa e alguém diz "oi"
o gigante de olhos brancos diz "tchau"...

E pensar assim...é tão bonito.
E simples.

Todas as pessoas do mundo deviam ter alguém assim no céu.
Como tu.


segunda-feira, 13 de junho de 2011

O fado....

....tem essa magia.
A magia que as pessoas que o evitam e ignoram não percebem, porque não o querem sentir.

E quando não queremos sentir...nada feito.

Isso acontece com as relações, com a comida, com a arte, com a música, com o Amor.

Na verdade, não sei muito bem como é que as pessoas o fazem.
Já não me lembro como é evitar o sentir. Já não sei muito bem, mas sinceramente, quem tem um palmo de testa não o evita. Tem que saber que não há forma de se desviar, nem o deve fazer.

E quem ouve o fado, ali assim, na primeira pessoa, mesmo que a voz não seja de fadista, mesmo que não haja guitarra portuguesa lá ao fundo, mesmo que o xaile e o vestido negro não tenha vindo, sabe que a vida só pode ser mais do que aquilo que vivemos, sabe e vê que há um espírito na voz que contagia e que dar a mão e ficar apenas a ouvir é o melhor de todos os mundos.

Sentimos o arrepio atrás do pescoço. Sentimos a ternura. Sentimos todas as lágrimas a cair, mesmo que elas não saiam. Porque sabemos que todos, num ponto qualquer da história, teve a sua mãe, a sua avó, e sente saudades dela, e sente que não quer que ela parta nunca.

E ali, no meio do tempo, ouvimos a voz que se engana, a voz que tenta mostrar o que vai lá dentro, a voz...a voz do Fado.

Espero que aquelas notas, sem guitarras, tenham mostrado que o Fado transporta o Amor de quem o canta, que tenha mostrado a sua subtil e marcante beleza, para que se perceba o poder que ele tem.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

E agarras-me as mãos e mostras-me o dentinho

Querido João,
a vida será como esse teu dente: tu empurras para ele cair, fazes mais pressão, sentes a dor, mas continuas... E não vês o sangue, não vês o jeito feio como isso está, só sentes.

E a vida será assim, sentir.

Sentes a dor, sentes que ele vai cair e queres que caia rápido, queres vê-lo na tua mão.
E espero mesmo, meu querido que me agarra as mãos, que tenhas alguém a olhar para ti a dizer-te para teres cuidado, a sorrir-te por empurrares algo que vai cair por si, a perguntar "está a doer, não está?".
E espero ainda que tenhas alguém a quem sintas que podes e queres dizer "gosto muito de ti" e lhe dês um beijo sentido na face.

Querido João que fazes barulhos de animais,
tu falas quando te perguntam se têm dúvidas e dizes que a Natureza é muito preciosa (deliciosa, cof cof).

Contigo descobri a magia dos m&m´s azuis e o poder das gargalhadas que eles possuem lá dentro.

Até breve*

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Meia noite e vinte cinco minutos

"amiga, estás bem?"
"estou"
(silêncio)
"eu sei que estás assim, mas não fiques triste. Pensa só que ela está num sitio melhor"

Querida amiga das horas longas de conversa,
queria só dizer-te que a amizade é grande e feliz aquele que a tem no seu peito.
Porque ela é como o Amor.
É igual.
A diferença está no contacto fisico.
E que nunca me esqueço de ti.
E a minha avózinha também não.
Por isso é que acredito que também te ajuda a ti, todos os dias, porque ela é grande e doce de coração.

Um Obrigada dos que te abraçam e choram por não se conseguirem conter dentro do corpo.

A de sempre

Querida avózinha,
hoje escrevo-te mais próxima.
Só porque quero falar de ti e não há ninguém melhor do que tu para falar de ti.

Lembrei-me daqueles tempos em que te sentavamos no sofá na rua e passavas lá a tarde.
Um dia desses andei de bicicleta à tua frente, na rua, para que visses que eu sabia andar muito bem. Acho que também cheguei a andar de patins...
São daquelas coisas que fazemos para que vejam como fazemos bem as coisas... E eu gostava tanto que visses como sabia andar.

Acho que é por isso que agora tenho medo de cair. Porque já não estás a olhar, já não podes dizer "muito bem!", porque...

Um dia passei horas e horas a falar de ti a uma amiga. No dia seguinte tinhamos uma frequência, mas era viciante, dava uma sensação de alegria falar de ti, não conseguia parar... Falava das coisas que dizias que vias, dos teus gestos, das tuas rotinas, das tuas histórias. Essa minha amiga fazia perguntas, muito atenta e cuidadosa perante as minhas palavras.

Achava que já me estava a habituar a toda esta história de não estares lá em casa, de ir ao cemitério e já não chorar, de pensar em ti e conseguir não ficar triste...

Achava até hoje.

"e há um momento em que a alma nos rebenta nas mãos"

Mas depois passa. Porque há aquela coisa que ainda não sei o que é que ajuda. Ajuda a estarmos perto, a estarmos calmos. A passar.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Campanha

Opa... sério sério sério... Eu devo viver noutra realidade, daquelas assim meio para o paralelas, ou aquelas que existem ao mesmo tempo que esta onde estamos, mas que não é esta em que estamos.

Vá, eu explico... Então não é que as pessoas se deixam levar por um beijinho e abraço e sorrisinho amarelo torrado dos políticos?

Bem, volto a explicar... Ao que parece quando um senhor candidato se desloca a uma terriola, é sempre com o objectivo de "mudar votos", de "sacar votos a outros partidos", vai acolá ver se as pessoas mudam de ideias... E não, não dão dinheiro, nem se oferecem para as levar ali a Lisboa para conhecer os centros comerciais, e nem lhes chegam a dar um rebuçadinho de morango ou ananás... Não!! Qual quê?! Malucos vocês(es)... Os politicos são do antigamente, acreditam nas relações e nos poderes que o contacto físico, o "entrar na bolha do outro", tem.

Eles OFERECEM beijos e abraços!!

E pelo que parece (dado as mudanças de percentagens nas sondagens...Não há outra forma de ver, parece.me) as pessoas pensam: "epa, este beijinho foi mesmo gostoso.. é isso mesmo, vou votar em ti, pah! És tão fofinho e carinhoso e dás tantos miminhos..."

Enfim...

Não sei o que se passa com o povo... Carências não é? Deve mesmo ser isso...

Já não damos abraços grátis, já não estamos próximos uns dos outros...

Ainda bem que há campanha!
Tenho ideia que o nosso Presi Cavaco pensou nisso mesmo: "vamos lá dar uns carinhos à malta".

Foi, foi isso mesmo.

Obrigada presi, obrigada FMI, obrigada Bancarrota, obrigada... Políticos fofinhos e amorosos.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Ssssshhhh

Coloco a cabeça naquele corpo adormecido.



Coloco-a no peito, no meio daquela escuridão.






Tum tum... Tum tum...






O coração...






Coloco a mão sobre a barriga, faço alguns circulos e paro...






Abro os olhos na escurdião.



Depois de me habituar a ela consigo ver o corpo, a boca, os olhos, o nariz...




Fico assim. Imóvel. Respirando devagar.




Junto-me mais.


Sinto o calor.

Deixo-me ficar.






Este é o segredo: deixar-me ficar.



Não interrompo o destino (se é que ele existe).



Melhor, não interrompo a serenidade.


Temos que cada vez mais nos deixar ficar, acalmar a inquietude, os movimentos rápidos, apressados, sem sentires.




E é neste ambiente de calor, imaginado pela alma e que o corpo quer mais perto, que deixo o sono vir e adormeço...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Não sentes nada

Entrei em transe.
A noite acabou tarde.
O cansaço era algum.
Sentada num banco, ao final do dia, olho para aquela mãe que dá um jeito no cabelo da filha.
Os ganchos teimam em não prender, caem, soltam-se.
Não oiço, não penso... Só sinto a minha cabeça encostada naquele ombro.

Depois... a mãe pára, consegue que se prenda o cabelo e... e eu acordo. Não um acordar de quem dormia de olhos fechados, mas um acordar de quem está em transe.

Olho para ele e sorrio.
A menina coloca alguns brinquedos em cima do banco.

Estamos os dois assim. Sinto-o.
Num estado contrário ao de alerta. Num estado em que a verdade e a realidade nos aparece e nós aceitamos o que se nos depara diante dos olhos.

Não dizemos nada.
Só sorrimos pelo nosso estado de transe.

Valeu a pena. Pela alma que é grande e não se vê.

"Eu conheço um atalho" digo eu.
Mas gostava de não conhecer.

Porque estamos sempre com pressa, nos dias de hoje, e não devíamos.
Queremos sempre chegar a horas, sempre pelo caminho mais rápido para chegar a um sitio e ver uma determinada coisa que acaba rapidamente.

Acho que o Amor é aquilo que sentimos quando não falamos e estamos em transe. Em que os sentidos são "acordados" à medida que são "tocados". E o Amor toca em todos, mas só alguns de cada vez...
E hoje, num dia assim como este, gostava de dizer que estamos onde deviamos estar. E se não estivéssemos, estaríamos mais tarde, ou até antes.
Digo também que aquele ombro que me acolheu, durante um bocadinho, naquela hora e em estado de transe me fez sentir como se estivesse a chover lá fora e estivéssemos à frente de uma lareira a ouvir estórias de alguém que sabe contar e inventar.
Fez-me sentir bem. Fazes-me.
Eu Sou contigo.
O Bem e o Mal.
A Verdade e a Vontade.
As Palavras fáceis e as frases que não se percebem.
Eu sinto aquela coisa que se sente quando vamos ver um concerto de uma banda que não conhecemos bem mas que nos surpreende e nos faz dançar num sitio onde nos fomos conhecendo debaixo de um som que não nos deixava ouvir o que dizíamos e que nos fez conhecer os gestos de que gostávamos um no outro.
é só isto:)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Continuo sem saber

Continuo sem saber como se faz, como se consegue, como aguenta a alma e principalmente o coração...
Como é que ele não rebenta? Como?!
Como é que não nos falham os músculos das perna e nos metemos de joelho?
Como?... Como se faz?

Fazemos.
Limpamos a laje, pensamos como era dantes, como era aquele dia, como éramos, o que não demos, o tempo que não passamos na sua companhia...

"Ai o que um neto perfeito não faz..."

E eu penso: "Como terei sido eu? Terei cedido as vezes que eram precisas e as que não eram? Terei deixado a zona de conforto? Terei conseguido ser o que era preciso?"

Julgo que não.
Mas gostavas de mim na mesma.
Eu era a única pessoa que reconhecias nos últimos tempos.
Lá devo ter feito alguma coisa, mas acho que pensamos sempre que não é o suficiente, não é?

Limpo.
Mando água.
Limpo a areia que se aloja nos cantos.
"É só isto que agora posso fazer e faço-o", penso.

Depois... Depois venho embora.
"Feliz dia da mãe, avozinha"

Amor é o tempo

"O comboio está atrasado vinte minutos. Pergunto-lhe se ela quer ir tomar um café e ela pergunta-me para quê. Para passar o tempo, respondo. O tempo passa na mesma, diz ela. E tem razão. Fico a contar os segundos que vão passando enquanto o vento lhe serpenteia os cabelos como se estivesse a tentar dançar com eles. É bonita, e zango-me comigo mesmo por a minha primeira opção para passar o tempo ser ir tomar um café e não ficar a olhar para ela. Ainda bem que não fui. Ainda bem que não fomos.

O tempo é a prenda da vida, e às vezes ajo como se estivesse sempre a tentar gastá-lo. Nem o chego a desembrulhar e a agradecer a oferta. É uma merda, ser assim. Acho que é e sempre foi o maior obstáculo ao Amor.

Uma vez disse-lhe, com um ar cansado, que não tinha nada para fazer. Era sábado à tarde e a cidade encolhera-se num enorme silêncio perante a agressividade da chuva. Não podíamos sair a não ser para cantar o Singing In the Rain. Ela olhou para mim durante alguns segundos, não percebi se zangada ou simplesmente com pena de mim, mas percebi que tinha acabado de dizer uma coisa estúpida. Estávamos os dois no mesmo apartamento e amávamos-nos. Não termos nada para fazer era o melhor que nos podia acontecer. Calei-me e baixei os olhos derrotado pela mania que os meus reflexos têm de contornar o Amor. Ela saiu da sala e só voltou uma hora depois. Acabámos abraçados com os meus dedos a dançarem nos cabelos dela. Os mesmos cabelos que olho agora.

Estou a pensar que não lhe torno a fazer isto. Nem a ela nem a mim. Não torno a falar do tempo que é só nosso como se fosse dispensável. Porque não é. Na verdade é o tempo mais importante da minha vida. Ainda por cima não se repete, o sacana. Quero estar com ela outra vez sem nada para fazer, para poder sorrir-lhe e abraçá-la sem o meu estúpido ar de tédio.
Que merda, esta mania que o Amor tem de se esconder por trás de coisas insignificantes. Ora atrás dum café, ora atrás dum jogo de futebol ou de um filme estúpido de que nunca ouvi falar. Não o deixo mais. A partir de agora vou lembrar-me: o Amor é o tempo, o Amor é o tempo."

roubado com o devido pedido aqui: http://naocompreendoasmulheres.blogspot.com/

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Fim do dia

Chegamos (ás vezes) ao final do dia assim.
Com a ideia de que vamos chegar a casa e vamos conversar e rir com alguém que chegou ontem.

Tenho pensado sobre a dificuldade de passar aquela invisível cortina que as pessoas, que acordam com mau humor ou apenas com aquele ar de "mais uma segunda-feira", criam à sua volta durante todo o dia.
Acho que são elas que a criam, sei lá.
Digo eu.
É assim todos os dias.
Lá arranjo tema de conversa pra desbloquear e soprar um bocadinho da cortina.
A política já não pode ser tema (algum dia o terá sido?).

É difícil porque sentimos que nós é que temos que quebrar um bocadinho o ambiente para o outro se sentir bem.

Se calhar foi para isso que nasci: desbloqueadora de cortinas invisíveis...

E eu que queria ser inventora de onomatopeias...
Acho que contar histórias inventadas a pessoas grandes não me irá dar boa imagem... até porque só as crianças acreditam nas coisas que inventam..raios...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Deus

Hoje olhei para a foto de um amigo
e lembrei-me...
Lembrei-me que um dia,
num em que as horas de dormir foram raras,
abracei-me a ele na despedida
e disse-lhe ao ouvido

Não sei se Deus existe,
mas agradeço tanto por acreditares n´Ele...
assim será tudo mais fácil.

E disse-lhe naqueles abraços que nos tornam cúmplices e próximos e num só.
Foi o maior segredo que disse a alguém.
O maior porque foi à pessoa certa, aquela a quem eu só podia dizer aquilo.

E gostei tanto de me lembrar daquele momento.

E depois de ter lido a mensagem pensei "epa, isto vale tudo a pena"

Ainda bem que inventaram Deus.
Ainda bem que acreditas nele,
porque assim, meu querido,
tudo será bem mais fácil
e explicável

Um beijinho*

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ai a infância, a infância...

- "A floresta é importante porque dá respiro..." E assim me contenho à frente do resto da malta, porque nem sei bem como lhe explicar que não se chama respiro ao oxigénio ou ao ar até, vá...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O CAMPEONATO É NOSSO, PAH!!

Há dias e noites, daquelas em que...pah... fogo, "não acabes tempo".

Esta é a realidade, é a verdade dos tempos, das pessoas, das relações, das virtudes e dos objectivos.

As palavras, essas, leva-as os ventos que por nós passam, mas... mas aquelas noites e aqueles dias em que não queriamos que acabassem... fogo, esses são para sempre.

Gritamos alto, dançamos muito, saltamos ainda mais vezes, abraçamo-nos a quem podemos, rimos mais do que pensavamos ser possível.

Caras amigas, amiguinhas, colegas,

Não sinto orgulho muitas vezes, mas naquela noite, em que gritámos mais do que podíamos, em que acordamos os velhotes todos (as nossas desculpas públicas), senti-o.

E não por mim, mas sim pelo exemplo que de vocês recebi e recebo quando estamos juntas. Pela força e compromisso com que vocês se entregam no campo e ao grupo, pelos valores, pelo "profissionalismo", pela honra, pela Vontade e motivações.

Acordamos com alguém a cantar baixinho "campeones del mundo" e apesar do resmungo colectivo, pelo "tina és uma cabra! deixa-nos dormir, pah!", "apaguem a luz!", "ai que a ressaca já está a bater", "eu ainda estou bêbeda...tirem-me isto!"... acordamos com aquele sorriso parolo que revela aquele vosso esforço durante tantos meses, tantas horas, tantos cansaços e ás vezes falta de vontade de ir correr e ficar a ver a novela (sim, no fundo todas temos um pouco de mulher dentro de nós)...

Deixaram-se cair as durezas e segredou-se "vocês são a minha maior família", "este é um dos dias mais importantes da minha vida". Não, não dizemos isto todos os dias, mas ali, à frente de todos, não se teve medo e sobriamente dissesse o que o coração queria.

E não somos assim tão sentimentalistas. Não vamos todas dar abraços, não choramos todas, mas a verdade é... a verdade é que todas sentimos o mesmo... Umas mais, outras menos, mas sentimos.

Esta não é uma equipa qualquer.

Não.

Esta tem a dita personalidade, esta tem a tal estrutura, esta tem o campeonato e a vitória nas mãos e nos pés.

Tem a melhor defesa, o melhor ataque, a melhor marcadora, o rei, o mágico, as velhotas, as mal-dispostas, as engraçadas, as cultas, as lideres, as mimadas, as simpáticas, as amigas e até as estranhas...

Um jogo de cada vez, um dia após o outro.

Um dia talvez consiga explicar o porquê de vocês serem tão importantes para mim, porque é que comemoro, porque é que quando venho do Brasil e me lembro de vocês até vou a alguns treinos, e passo o tempo todo a rir e a adorar o 5 pra 0 e porque é que são sempre a minha prioridade depois da família do sangue.

Estamos muito longe da perfeição, os amuos também vão aos treinos, os paus também aparecem e até o Carlos lá vai (private joke entre guarda redes, não questionar!), mas caraças se eu não gosto de vocês!

"Tens de ser sempre sempre sempre Caranga, ouviste?"

Sim:) sou desde pequenina:)

CARAI! SOMOS CAMPEÃS!!! IIIIIEEEEEE!!!


(A verdade é como aquilo que me acontece perante as caixinhas de música... não sei explicar o compromisso que tenho perante este grupo e que me faz colocá-lo muitas vezes à frente de muitas coisas e à frente de muitas pessoas. Um dia chorei por não me terem deixado vir para esta equipa... Era o meu sonho estar aqui. Um sonho realizado e que superou mais do que as expectativas. Há coisas assim. Em que apesar de não sabermos porquê gostamos do que sentimos quando estamos todos juntos.)

terça-feira, 12 de abril de 2011

As caixas, ai as caixas

Não sei muito bem
porque razão estes objectos me fascinam tanto...

Era capaz de passar horas a ouvir o som.
Não aquele típico das caixas de joias.
Não.
São mesmo os sons diferentes dessas caixas que me arrepiam.
Um dia,
como prenda de aniversário,
a minha prima enviou-me a música de uma caixa como mensagem para o telemóvel.
Foi a uma loja, meteu aquilo a tocar e guardou para me enviar à meia noite.

Foi uma das melhores prendas de sempre.
Um som.
Um lindo e fascinante som.






quinta-feira, 7 de abril de 2011

Se o vento falasse...

Se ele dissesse o que quer
aos ouvidos que o querem ouvir
às faces que o querem sentir...

aos segredos que o querem contar...

às poesias que o querem cantar...

às mãos que o querem dar....

ao Amor que o quer tocar...

Se ele dissesse o que quer
aos tempos e momentos que o querem ter,
diria...
Algo como o que diz um homem quando beija uma mulher.




terça-feira, 5 de abril de 2011

Maria João & Mário Laginha - A Minha Pele

Maria João & Mário Laginha - Beatriz

A dificuldade está em...

...ver para além destes valores e do que acho que é correcto.
Nunca pensei que fosse tão difícil.
Difícil entender e ver uma realidade num determinado estado.

A política e as coisas que lhe estão ligadas não fazem sentido para mim, nem consigo ver as coisas como todos vêm... Acho que está relacionado com a história, com as coisas que sempre foram assim, com um passado de ditadura e coisas e tal... Tentaram explicar, mas não percebo porque não aceito, não consigo ver as coisas assim... E penso: "oh cérebro, ´tás parvo ou quê, pah?! Todos percebem e aceitam e tu não?! estás numa de difícil?"
E pronto.

Depois nas relações é a mesma coisa...
É exactamente igual.

Para mim há coisas que deviam ser mais radicais, mas de fazer sem pensar nas consequências, mais numa perspectiva e noção das coisas mortais e finitas e não pensando num futuro e nas dificuldades do mesmo...
Para mim ou se dá ou não se dá, não há cá intermédios, não há cá mornos nem assim assim, nem coisas que o valha. Não há, pronto!

Se houver esses "dou mas não tudo", esses "quase tudo", esses que tais, não faz sentido...
Temos de estar sempre a provar o que valemos, temos que dar.

Acho que na religião, nas crenças, é a mesma coisa.
Por isso é que os ditos cristãos e esses que dizem "sou católico" e não sei quê me irritam de muitas maneiras.
Eu irrito-me.
Devia ter nascido noutro seio religioso.
Devia porque, tal como me influenciaram neste, também me iam levar a outras práticas e sentidos entendidos por mim. Acho...
Lá na Líbia anda tudo uma bela merda, guerra praqui, tiros e bombas pracolá... mas carai, o momento de rezar é comum a todos, todos se ajoelham, todos pedem, todos se entregam.

Acho que devíamos ser mais assim.
Mais radicais (sem a parte dos tiros e tal).

A culpa é minha.
Não, a guerra não é culpa minha (acho eu...a última vez que confirmei não era minha, mas isto nunca se sabe...).
A culpa é minha nos pedidos mais radicais, mais fora dos limites.
Porque mais uma vez...não percebo estas coisas sem ser desta maneira, esta que me faz sentir que devia ser assim e pronto.

"Ai que temos de respeitar os outros, ai que temos de aceitar como são, ai que eu sou assim e assado porque cozido não sei quê."

Tenho pra mim que é este o problema.
A regras nas relações.

Ontem cheguei ao final do dia e pensei bem alto "MERDINHA pra ti oh Miguel Esteves Cardoso! O Amor puro inventaste-o tu! Não me venhas com esses elogios, com essas conversas Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há ... porque acho que já não há..."

É como dizes e perguntas, meu caro: Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. (...) Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? (...) O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

Houve uma altura em que li este imenso texto várias vezes.
Na altura em que sabia ainda menos o que era o Amor.
E ontem, meu caro, era pra te atirar uma mega cadeira que tenho lá em casa, mas depois pensei que tu é que deves saber como são as coisas. Miguel, eu até te curto, fico sempre de boca aberta quando te leio, mas pah... facilita... explica lá como se faz...

Se as pessoas não dão porque amanhã também é dia... Fiquem em casa...

A questão é: será que não fomos feitos pra andar no limbo? Não somos física e psicologicamente feitos para amar de forma pura como dizes, Miguel? Se calhar não fomos... E a provar-se tal facto... A tua e a minha teoria são uma merda como invenção, digo-te já.

E não digo que isto supõe estarmos sempre sempre nos extremos, sempre no limite... Não. Até porque não estamos sempre a amar ou seja lá o que isso for. E não supõe também que estejamos sempre a dar presentes ou a dizer ao mundo o que o coração quer dizer, não.
Supõe outras coisas.

Mas que sei eu... Eu que até ando a ouvir Maria João...aquela que nalgumas músicas inventa gritinhos e vive ali sozinha na sua bolha enquanto canta...


P.S.: (não, não é o partido) Este computador está parvinho de todo e está-me a tentar fazer escrever com o novo acordo... sublinha as palavras com "c" e tal a vermelho... Cara caixa de fios, eu sou do benfica. Por isso podes continuar com a tua insistência. O novo acordo e a minha aceitação será realizada, mas quando EU quiser, ok?? vai lá sublinhar pró raio que ta parta!

É, hoje estou assim.

domingo, 3 de abril de 2011

A razão é simples

O senhor leva a filha ao autocarro. A correria do domingo acaba ali, naquela entrada, subindo as escadas, sentando-se no banco que a leva para longe dele. Os pensamentos já iam longe. bem longe..... de mim... Não, não temos o direito de pedir aos outros o que nos falta... Não podemos pedir para estarem mais perto, mais juntos, mais doces, mais presentes só porque nos sentimos mais sós... Só porque nos deviam já ter dado essas coisas que nos fazem sentir mais seguras. A razão é simples: não temos o direito de esgotar ninguém em nós, não podemos porque cada um dá o que pode e quer dar por vontade própria; não podemos pedir que nos dêm o que nos falta sem que tenham já decidido dar... Não podemos tornar as dádivas dos outros numa espécie de imposições nem demasiado "plásticas". Por isso não podemos pedir nada. Não temos esse direito. Eu quase nunca espero nada dos outros. Defeito das pisadelas no caminho. O que vier vem; o que não vier já se sabia. E tenho-me esquecido disto. Assim não se esgota ninguém, não nos cansamos, não há desilusões, não há... promessas. Contamos com o que temos. Não pedimos. Não esperamos. Apenas daquilo que podemos fazer.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Vemos as coisas como temos o coração

"A caminho da Catedral de Chartres, um homem encontrou um outro homem que ia partindo pedras para a construção da catedral. Parou e perguntou-lhe porque o fazia. O homem, angustiado e de forma amargurada, respondeu-lhe:
"Faço este trabalho miserável porque a minha vida é miserável. Tenho dores por todo o corpo, sede, a cara suja de pó de pedra, e odeio fazê-lo. Mas não tenho outra hipótese."
Mais à frente, encontra outro homem, que também vai partindo pedras para a grande igreja, e faz-lhe a mesma pergunta; porque faz aquele trabalho? Este, com um ar satisfeito, diz-lhe:
"Não é um mau trabalho. Dá para ganhar dinheiro e dar de comer à minha família. E isso é bom."
Adiante, encontra um outro canteiro, que esculpia a pedra com uma expressão extremamente feliz. Pergunta-lhe: porque fazes este trabalho? O outro respondeu-lhe:
"Estou a construir uma catedral!"

tirado daqui: http://folhas-de-cha.blogspot.com/

quinta-feira, 31 de março de 2011

Já sei!!!!

Já sei o que quero ser quando for grande.
Depois de tantos anos já sei,
já descobri,
encontrei finalmente a resposta... bem, respostas!
Sim, duas coisas que quero ser!

Número 1 - Contadora de histórias
Número 2 - Pessoa que escreve sons

Bem, a número 1 é daquelas coisas que um dia aconteceu: tinha pensado numa manhã "bom bom era passar o tempo todo a contar histórias aos putos, pah" vai daí, durante a tarde, contaram-me que tinham ido a uma escola em que pagaram a uma senhora pra ir lá contar histórias.
EURECA!! Que esperta que eu sou!

A número 2 consiste no seguinte: quando ouvimos um barulho só ouvimos, ele não aparece escrito em lado nenhum; conhecemos o "toc toc", o "splash" e mais uns quantos e tal.
Por isso a ideia é mesmo ser alguém que escreve as tais onomatopeias.
Acho que é brilhante.

E pronto, é só.
Por enquanto.

segunda-feira, 28 de março de 2011

As segundas-feiras serão sempre eternamente segundas




A manhã raia. Não: a manhã não raia.
A manhã é uma coisa abstracta, está, não é uma coisa.
Começamos a ver o sol, a esta hora, aqui.
Se o sol matutino dando nas árvores é belo,
É tão belo se chamarmos à manhã «Começarmos a ver o sol»
Como o é se lhe chamarmos a manhã,
Por isso se não há vantagem em por nomes errados às coisas,
Devemos nunca lhes por nomes alguns.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa




Ah! Querem uma luz melhor que
a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas
que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol
que o Sol,
O que quero é prados mais prados
que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores
que estas flores -
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

As músicas...ai as músicas

Bolas de sabão flutuantes...

Folhas de árvore que voam com o vento como se tivessem fios transparentes (ou mágicos) que a levam para cima, para o céu...

Olho para a rua, pelo vidro do autocarro.

Recordo aquele sorriso que já não vejo, aquela voz que já não oiço, o calor que já não sinto, o cabelo que já não corto.

Lembro-me que naquela manhã queria ter ido visitar-te.
Penso no que seria de mim se o tivesse feito.
Sempre me fez impressão não teres os óculos quando lá estiveste.
Eu já lá estive sem óculos. E não gostei mesmo nada, sentimo-nos claustrofóbicos.

Bolas de papel de furadores.
Muitas.
Passeios com música a tocar na cabeça que não nos dá vontade de parar.
Teorias longínquas de desconhecidos que nos ajudam sem saberem porquê.

Deve ser o Amor que nos faz viver, mas enquanto não sabemos, enquanto não o dizemos...Ficamos.

"Mesmo quando já não fores bonito eu vou gostar de ti. Porque gosto de ti."
E é esta a minha forma de dizer aquilo que não digo.
E já devias de saber que em mim há coisas que nunca se irão perceber, coisas que vou ter sempre dificuldade em dizer se não me ensinares, se não deres o primeiro passo.

Acho que todos temos medo de dizer coisas e um dia nos arrependermos de o dizer.
Eu tenho medo por não querer falhar.
Todos precisamos de um espaço para falhar. Mas eu não me permito.

terça-feira, 22 de março de 2011

Os homens. Eles também sentem.

Depois de sentados a mesa ficou, sem planeamento, dividida.
Lado esquerdo para os homens, lado direito para a senhoras.

A tarde já ia longa, mas os enchidos e o pão despertavam o apetite. E a hora que o senhor demorou a preparar todo o lanche levou-nos a sentar e conversar mais um pouco.

E depois... depois veio aquele momento, um daqueles que serão únicos para sempre e para os quais temos de estar atentos.

"Desculpa não ter vindo mais cedo, mas eu emociono-me sempre com estas coisas" - disse o homem

"Oh, não faz mal, nós percebemos" disse a mulher.

Depois houve aquela pausa, sabem?
Aquela em que todos sentem a força e proximidade com aquelas palavras.
Ainda ninguém as tinha dito, ninguém tinha revelado o porquê de ter demorado a ir ali.
Ninguém.

Mas aquele homem, um daqueles que aparentam a força da guerra, que trabalham no campo para dar de comer aos filhos, disse-o, à frente de todos, sem medo de revelar os medos e as fraquezas.

A pausa termina e o outro homem também deixa cair a armadura.

"Estou-te muito agradecido. Naquele dia em que ninguém sabia de nada mas tu sabias, nós passamos por ti, estava lá mais gente, e para que ninguém percebesse mandas-te um beijo para ela, que estava dentro do carro"

Este homem demorou alguns minutos até conseguir dizer esta frase.
Demorou porque quando ia começar a falar a emoção foi demasiada para aquele corpo que já foi atirador e que um dos seus maiores medos foi atravessar uma barreira de soldados inimigos.

Não chorou, porque os homens não choram perante as suas amadas e frágeis mulheres.
Porque são homens de Vida. Porque o silêncio ainda ajuda a acalmar a dor.

E voltou o silêncio. Ouviam-se pães a ser cortados, vinhos a serem bebidos, carros a passarem lá ao fundo.

As Coisas Importantes e que Ficam Sempre Latentes lá Dentro, Foram Ditas.
E não interessa porquê.

As conversas sobre outras coisas foram retomadas.

Há quem fique muito contente e aliviado porque ela se estar a aguentar, porque fala mais, porque mostra a dureza das mulheres que têm homens de barba rija a lutarem com elas.

"Vê, agora não tem que gastar dinheiro para pintar o cabelo" digo eu. E a frase foi dita de forma cúmplice, baixinho, para que ela falasse mais um pouco e percebesse que afinal, ele vai voltar a crescer.

Ela ri-se "pois, isto agora é só vantagens, só preciso de comprar chapéus"

Esta é uma das minhas famílias emprestadas que o universo aprontou.
Esta foi uma das tardes mais importantes da minha vida.
Esta foi uma das grandes provas das coisas que defendo e que, no final das contas, interessam.

As lágrimas presas no coração, o baixar as armas, a força, a coragem, o aceitar os desígnios dos dias, as provas difíceis.

O resto são... merdices. O resto só interessa a quem não sabe e nem quer saber. E esses...esses não valem nada.

Fico grata.
No final não dizemos o que queremos dizer.
"Força" é sempre a palavra que sai.
Só nos resta confiar e continuar as visitas.
Por que a felicidade não é o que o mundo pensa que é.
E nestas visitas levamos as palavras que lhe fazem falta.

Familia e o universo

A família foi uma das grandes invenções do universo.

E digo eu, que ando numa de cristã, que é de facto uma grandessíssima ideia.

Eu explico: então perdoar e ajudar quem nos é próximo (amigos, namorados e essas pessoas que "escolhemos") é fácil, todos sabemos isso, todos!

Agora expliquem como é que ajudamos uma pessoa da família, tipo tio ou primo afastado, que muitas vezes não nos dizem nada ao coração?

Simples: são do nosso sangue e não temos desculpa.

O universo deu-nos a oportunidade de ajudar alguém que precisa só pelo facto de termos uns genes ou coisa assim em comum.

Um desconhecido que passa a conhecido, uma pessoa que nos faz ser úteis e que à partida não ajudaríamos.

Se não dizemos olá a quem passa por nós na rua, a estas pessoas distantes mas da família acabamos por dizer, acabamos por tentar conhecer, acabamos por nos aproximar.

E só porque as linhas da árvores genealógica nos ligam.

O universo arranjou uma forma de conhecermos algumas pessoas que não apenas aquelas que escolhemos e eu cá acho que isso é altamente.

Depois, no final de contas, até gostamos de as apresentar e dizer "este é o meu primo" "esta é a minha tia do norte".

Claro que isto não é condição para sermos amigos para sempre, mas damos um pouco de nós a alguém que não sabemos como está.

Não é falsidade nem obrigação é simplesmente um dos efeitos que o universo lá aprontou.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Estátua de algodão

Quando ela se deita, tudo o que nela é brusco e violento adormece muito antes do seu corpo. É por isso que depois do jantar ele conta os minutos um a um, à espera do momento em que lhe pode perguntar como correu o dia, uma pergunta trivial que deixou de o ser há algum tempo, não se lembra bem quando. Ela responde sempre abanando os ombros como se quisesse enxotar a pergunta. Às vezes fazem amor, embora raramente, e quando o fazem acabam abraçados até adormecerem os dois. Nessas noites não há trivialidades.
Normalmente é ele quem adormece primeiro, e ela petrifica o corpo como uma estátua de algodão para não o acordar. Petrifica o corpo, não a mente, que fica a responder a si mesma à pergunta que nessa noite ele não fez porque fizeram Amor. A merda do dia nunca correu bem, e é só nessas alturas que ela gostava de lhe poder dizer isso, que a violência latente que nela habita não é por ele, é pela merda do dia. Pena ele estar a dormir.
Ele não sabe que nela, as palavras que lhe vão ficando prisioneiras nos lábios sempre que abana ombros também a vão aprisionado nelas. É uma ansiedade crescente que a impede de dormir depois do sexo.
Ela não sabe que nele, esses raros actos de Amor e sexo são sempre o sinal de que o dia seguinte será melhor, e que é essa aparente acalmia, aninhada numa estátua de algodão, que o põe apressadamente a sonhar.

Retirado de http://naocompreendoasmulheres.blogspot.com/search?updated-max=2011-03-06T23%3A29%3A00Z

sexta-feira, 11 de março de 2011

Porque a nossa teoria está num livro

"Seja feita a vossa vontade, Senhor. Porque tu conheces a fraqueza do coração dos teus filhos e só entregas a cada um o fardo que pode carregar. Que tu entendas o meu amor porque ele é a única coisa que tenho realmente meu, a única coisa que poderei carregar para a outra vida. Faz com que ele se conserve corajoso e puro, capaz de continuar vivo, apesar dos abismos e das armadilhas do mundo." (Paulo Coelho)

quinta-feira, 10 de março de 2011

E se te pedir

Estou a ouvir uma música bonita.
E já devias saber o efeito que as músicas bonitas têm em mim.
E devias porque tens que perceber.

Tens que perceber que...

Não vais a lado nenhum.
Não.
Não vais.
Vais ficar.
Ficar.
Ficar comigo.

Mesmo que queiras, mesmo que o fardo seja demasiado pesado,
mesmo que tudo te canse, mesmo que os meus maus dias sejam demasiados,
mesmo que as lérias te fartem, mesmo que... a minha genética te mostre o que há para além...

E vais ficar porque...

Porque não tenho nada e esse nada chega.






quarta-feira, 9 de março de 2011

Uma nova descoberta

O Amor, meus caros, é algo que se tem no peito.
Nós somos o Amor.

Nós é que o temos e nós somos o que temos dentro do peito.
O resto são acessórios que vão caindo com o tempo.


Penso que o temos mas não está completo. Não está porque é demasiado nosso, talvez demasiado só nosso e que acaba por ser egoísta...
Por isso precisa do outro.

Por isso talvez os príncipes, ou o "tal" não exista, isto é, aquele que nós acharmos que completa a outra parte é que é.. não de uma forma determinista, não é "és tu e pronto!"

Mas esta ideia é melhor que outras ideias que tenho tido, porque esta não inclui só o Amor de paixão.
Inclui a família e inclui todas as outras coisas e pessoas que amamos.

Por isso... talvez a nossa parte seja assim pequenina, para que possamos amar várias coisas.

São finitas as coisas que podemos amar? Ou seja, só podemos amar, por exemplo, 20 coisas?
Não.

Porque não sabemos o tamanho do amor completo. Ele pode ser infinito, logo podemos amar infinitas coisas.

Talvez por isso se diga que não se consegue explicar, porque o infinito é difícil de explicar.

Tendo em conta que somos seres subjectivos, o que sentimos depende sempre das nossas especificidades como pessoas, das experiências, do ambiente e genética também, podemos amar coisas diferentes; por isso eu não posso dizer que não é amor o que alguém sente por alguma coisa (?).

Será?

Será que afinal não posso? raios pah...

Acho que posso se a pessoa me explicar o que sente por tal coisa como paixão, por exemplo... isto é: "ai que eu sinto borboletas na barriga, ai que fico toda nervosa, ai que estou sempre a pensar nele, ai e tal coiso..." Raios, isto é paixão... ou não é?
Para mim o amor é o estádio seguinte, ou o seguinte depois do seguinte...

Por isso é que a magia e o conhecimento do Amor do outro e consequentemente do outro, faz parte aqui do segredo. Acho que não podemos amar o que não conhecemos. Nunca conhecemos em pleno alguém, mas acho que podemos conhecer o seu Amor.


Alguém dizer: "Ela/Ele é o meu Amor" quer dizer que ela/ele é quem completa aquela parte.

Mas... o Amor pode ser um sentimento? Isto é, eu posso achar que o que me completa não é uma pessoa mas a Liberdade, por exemplo...

Será?

Bem, essa liberdade deve ter que estar materializada nalguma coisa, ou não...

Ai ai...


No fundo também importa que não tenhamos empurrado uma parte do nosso Amor para que o outro caiba... Não pode ser assim. Se não sentimos não podemos "inventar"

Nó vamos para o Amor de alguém com todos os Amores que temos no peito.

Por isso é que o Amor é tão bonito, porque eu tenho em mim o Amor que as pessoas que eu amo têm no seu Amor. Não amamos as pessoas que aqueles que amamos amam só porque essa pessoa a traz consigo, mas temo-los em nós. Amamos as pessoas como elas são e elas são o que são porque amam outras coisas e outras pessoas.
Somos o que temos no peito e nós temos as coisas e pessoas que amamos no peito.

É por isso que estamos todos mais próximos uns dos outros sem darmos conta.

Deus Ama-nos.
Deus tem-nos no seu peito.
E se amarmos Deus temos o mundo todo em nós, porque ele ama toda a gente.

E mesmo que não acreditemos em Deus, o principio é o mesmo, estamos todos ligamos, porque de alguma forma amamos alguém e esse alguém traz em si outras pessoas.

Se formos para a rua com este principio... seriamos todos mais simpáticos e compreensivos.
Atrevia-me até a dizer que seriamos mais felizes.

Porque o Amor carrega em si os outros sentimentos e deveres perante o outro. E a consciência colectiva é uma deles.

Sentiremos... Amor?

... Sentimos o Amor quando ele entra... devagar?

É uma coisa que chega mais devagar. Não nos corta a respiração, mas arrebata-nos o pensamento. Não nos tolda a razão, porque sabemos ao que vamos. E gostamos do caminho. Não faz o coração saltar do peito. Antes nos dá a certeza de que ele bate no ritmo certo. (http://girls-go.blogs.sapo.pt/)

Afasto a ideia dos pensamentos do dia.

No fundo acho que a maturidade nunca chegará tão longe em mim; acho que, se pensar mesmo a sério nisto e não só como desenvolvimento de um tema, não tenho o direito de pedir tal coisa a alguém.

Dou a liberdade para saírem porque sei que há coisas demasiado pesadas, que o futuro pode trazer a dificuldade do sentimento.


A genética está cá.
A loucura, a libertinagem, o desprendimento, a emoções fáceis... há coisas que os dias não levam, que não mudam, que o tempo, esse sacana, não muda...


E eu penso que perdoo.
E eu penso que lhe digo "não faz mal se não quiseres ficar, podes ir."

Não se sabe muito bem, mas quem vive no limbo tanto tempo, quem levou pancada sem lhe tocarem, quem cresce na incerteza do que os outros querem de si, quem aprendeu apenas a seguir com o que tem à mão, não é um revoltado com o tempo (!), não, isso não... não é frio, nem snob... simplesmente nunca espera muito dos outros, não conta lá muito com eles, mesmo que "estou aqui sempre que precisares". Sabe-se que sim, mas... na hora não se recorre a essa escolha.
Acho que é por isso que deixo ir.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Parabéns


E foi assim.
As cadeiras ficaram ocupadas. Os risos ficaram preenchidos. Os pratos ficaram vazios.

Na verdade... Na verdade foi ainda melhor que isto.

Na verdade, naquelas horas, nada podia ser melhor.

Até as velas que não se apagavam, até a salada sem cebola, os copos enfeitados com uma fita do mickey, as entradas que não se comeram, o bolo.. ai o bolo...

Não tenho jeito para receber prendas, para agradecer, para ter um momento dedicado a mim. Não tenho, pronto.
E não é mania, é assim, fico constrangida como se fosse empurrada para o palco e tivesse que cantar uma música para um público qualquer...
E faço para que as atenções se desviem.

Eramos 5.

Não sei que dizer mais de forma a não parecer trivial.

Não sei, porque foi mesmo bom.

Foi como se... como se fossemos todos amigos há anos e estivéssemos ali na cavaqueira porque alguém decidiu fazer um jantar.

Foi...familiar.

E acho que sim, que ao dizer isto tudo se explica.

Queria que fosse assim mais vezes.

Queria que como ali, as pessoas lidassem umas com as outras sem constrangimentos e silêncios de desconhecidos.

A minha forma de agradecimento será feita, será dita de outras formas, será.

Acho que nos últimos tempos cheguei a uma conclusão: em todos os momentos da nossa vida temos as pessoas que nesse momento são precisas... Isto é, aparecem-nos as pessoas que deviam aparecer e todas elas têm uma função. Num determinado momento é-nos colocada uma pessoa para nos ajudar nalguma coisa.

Penso muitas vezes: "Era mesmo assim uma pessoa como tu que devia estar aqui, a peça do puzzle"

Será que dá para perceber?

Acho mesmo que até as pessoas "más"/que nos prejudicam, servem para alguma coisa...

Acho que voltei ao lema de não haver coincidências.

No final do dia olho para o bilhete que me deixaram na manhã dos parabéns e... :) Fogo... :)

"Princesa, o pequeno-almoço está na mesa, podes vir"

"Toma, comprei com a Márcia e guardei um para ti"

Senti como se estivesse na minha casa e tivesse feito quase tudo para que se sentissem todas à vontade.
Sinto que... Tenho o coração cheio. Que estou bem.

E esse sentimento é bom.

Até mesmo quando a última chamada do dia a dar beijinhos de parabéns parecia a voz da minha avó. Até mesmo quando ia deixar cair a lágrima por te saudades da voz dela que já não me lembro. Sim...acho que já não lembro.

Mas lembro-me bem do som dos beijos dela.
Isso sim.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Abraços do coração

"Sabes, Ruben Patrick, quando uma mulher te pedir que a abraces não julgues que é coisa pouca, quando uma mulher te quiser abraçar é porque alcançaste um nível superior nisso de uma mulher te querer bem, não o menosprezes, não confundas um "abraça-me" com um "quero saber a que sabe a tua língua", são coisas diversas Ruben Patrick, em verdade te digo, não te disperses com carícias em lóbulos de orelha nem com dedos entrelaçados no cabelo dela, trata-se de um abraço, Ruben Patrick, é muito diferente, talvez não te aconteça segunda vez, trata-se a segurares de uma forma única, a meio caminho entre a suavidade e a firmeza, depois deixa que a cabeça dela encontre posição no teu ombro e depois, só depois, trata de encostar o teu coração ao dela, finalmente, Ruben Patrick, não digas nada, aprecia o momento, abraçar uma mulher porque ela te pediu é coisa que pode não voltar a acontecer-te."


Retirado daqui: http://pipocomaissalgado.blogspot.com/2011/01/dos-abracos.html

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Vinho

As pessoas que cheiram, olham, agitam, bebem e cospem (tudo isto por causa de um simples bocadinhozinho de vinho num copo) devem ser totós daquela cabeça...

Tenho para mim que algo que se lhes bateu naquela cabeça.

Epa, sim, apreciar, saber as diferenças e tal, não beber tipo shot (blerc...), mas raio, vinho é vinho (e só do POrto, carago, que os outros são esquisitos e bebe-los já só quando se está bêbedo..)

Na minha ida ao bar um grupo de amigos ou lá o que era pediram uma garrafa de vinho, eram praí uns 7 copos. O senhor lá meteu um pouco em cada um.

Eu ri-me.

Eles tinham mais ou menos a minha idade e pensei "Esta gente está toda doida...quem é que vem pra um bar gastar mais de 20€ (suponho que não seja menos num sitio daqueles) beber uns 2 golos de vinho?! até aposto que aquilo vai ficar ali a noite toda sem lhes tocar"

Ai Euromilhões desgraçado!! Só tu é que não entras na fila das minhas adivinhações!!

Uns olharam e beberam como quem molha os lábios, outros "deixa-te aí estar, pago no fim e não olho para a conta, prometo!" enfim...

Não fiquei ali a noite toda para ver o fim, mas...epa...acho que deu para entender.


Eu pedi um capucino. Mas um Porto, ai o meu Porto... E se ele estava ali a olhar para mim.

"Amanhã tens de ir trabalhar"
"ai...eu sei..."

Barulhos

Olhei para o senhor e pensei...

"Bolas... aqui aflita pra aprender a tocar viola e existe isto...uma bateria... Ai se um dia não vou aprender, caramba!"

Acho que dizemos todos isto, momentaneamente.

Seja bateria, seja inglês, seja, cantar, seja...amar.

Carais se não sou capaz

Isto não é suposto ter graça, nem ser a verdade absoluta sobre os temas falados, mas epa, raios se não tenho opiniões sobre o mundo e marte!


Gosto (muito) de coisas com pouco jeito.
Um dia destes fui a bar cá da cidade (uuhhuuhh! maluca pah! isso é que deve ter sido uma festa de arromba) e pronto, tive ideias sobre estas coisas com pouco jeito.

O pingo doce deve ter percebido a mensagem. Calou-se, temporariamente receio, mas se aquilo não foi de coragem, epa, não sei o que poderá ter sido...
Então não é que aquilo estava em todo o lado?! (opa...só rir...)
Eu só me ria. Sim, só ria! É que nem nervos, é que nem vontade de partir a televisão.
Só achava graça. As pessoas que "representavam" eram simpáticas e até explicavam algumas tramoias, os segredos escondidos por trás das ilusões.. Eu sei lá se aquilo estava mesmo bem feito, mas cum raio se não ficamos com uma imagem de "o Pingo Doce é que é fofinho. A partir de hoje só vou ao Pingo Doce. O mundo é lindo e maravilhoso porque existem pessoas honestas e que nos querem bem lá no Pingo". Aquilo até nos fazia sentir que éramos todos amigos e que fazíamos todos parte de um grupo, qual cambada amigalhaça que joga ao futebol todas as semanas!

E mais genial ainda é que criou uma onda de "O meu é que é bom" geral nos outros supermercados... (sim, eu sei que é sempre assim, mas nos últimos tempos eles têm directamente falado da publicidade uns dos outros...isto no meu tempo não era nada assim) O Modelo/Continente "Epa, tão andam praí a dizer que isto e aquilo? Tão mas quié isto? Promoções não é altamente? Cantam bem, mas não me alegram, paaaaah" eheeheh ai o que eu me rio... Coitada é da senhora que estava pra lá sozinha, a fazer as suas compras com quase nada no carrinho a dizer pra contarem com o Continente...

Tenho pra mim várias coisas: aquele que me oferecer produtos (dos bons, não daqueles que já estão quase fora de validade ou que ninguém quer, com o "toma çá e não digas que vens daqui") sem concursos, sem a melhor frase, sem "o centésimo cliente", sem ter que lá voltar, sem essas tretas que não me interessam e só "olha, toma lá. Vem cá daqui a pouco que levas mais e não é gourmet", é que me irá convencer e ser meu amiguinho.

Até lá... Pronto... é o que calha, é o que está mais perto e não necessariamente o mais barato e de qualidade


(suspiro...)...

Mas epa, não desistam já, continuem, por favor continuem, façam mais publicidades dessas que até fazem as criancinhas cantarem no meio do Ponto fresco sem meias medidas e sem saber ler (se não saberia que está no local errado...ou então nem está...eheh)


E pronto

Vivo com uma professora. E eu, do alto do meu talento, já não canto faz uma semana e logo agora que ela anda a corrigir testes e anda com mil coisas para fazer, daí ter percebido que o Pingos se calou...

Tenho saudades do "loja toda, o ano inteiro"

Que belas e graciosas rimas... ahahah