segunda-feira, 27 de junho de 2011

Justiça ou o sentido dela

Hoje comecei a manhã e semana a pensar neste tema.

Um dia uma amiga dizia-me que eu era uma pessoa justa.
Levei aquilo como um elogio. Mas acho que não percebi como o poderia ser.

Eu digo o que acho o que para mim é justiça.

Justiça é ser justo.
Simples, certo?

Aprendi com as crianças com quem às vezes trabalho e brinco.
Se faço alguma coisa sem respeitar as regras e que as faça sentir prejudicadas, eles dizem alto: "Isso não é justo!"

Nunca nos podemos esquecer das regras com as crianças.
Queremos que elas as respeitem. Temos que as respeitar ainda melhor.

E se queremos introduzir uma regra nova, sem ter avisado no inicio, sem ter deixado este ponto novo bem claro, ao menos que ele influencie um elemento neutro, eu que fique com aquele ponto que se ganhou com a nova regra; eles não o querem. Não seria justo.

E é nestes jogos, das regras para todos, que temos que ver todos os lados.
E se não virmos, não estaremos a ser justos.

Por isso é que acho que a justiça é uma coisa inventada e impossível.
Afinal:
a nossa justiça é baseada em quê? De facto será apenas no nosso sentido individual e cultural.
Nunca nada será justo para todos. Vejamos os Direitos Humanos. Há lá uns poucos que não respeitam umas quantas especificidades culturais.

A justiça quer que todos fiquem no mesmo patamar, que ninguém saia prejudicado, que no final os lesados sintam que ficou tudo claro e foram compensados.

Mas isso....meus queridos... é impossível.

Lembro-me que me contaram que dantes (e talvez ainda seja assim), aos ladrões cortavam-se as mãos.
"Olho por olho. Dente por dente"

Quem faz mal, terá que perceber como aquele mal faz sentir as pessoas a quem faz mal, uma espécie "e se fosse a ti?"
Mas isto, para além de não ser o tal "pedagógico", também pode ser contestado com o "violência gera violência".

Claro, meus caros, claro que sim, claro que terão razão. Mas não é justo? Não é justo que alguém que vos puxe o cabelo também tenha alguém que lhe puxe o cabelo para saber o quanto doí? Sim, não deixa de puxar porque vos está a causar dor, não deixa de vos magoar porque de repente teve pena de vós, mas sim porque se não parar, também lhe vai continuar a doer a ele.

A justiça é impossível.

Claro que o melhor seria que ele deixasse de puxar porque sabe que aquilo doí e não vos quer magoar; claro que ele devia de sentir, lá dentro no peito, um respeito tal, uma compaixão, que o impediria só de pensar em puxar o cabelo. Claro.

A justiça é impossível, porque simplesmente só se fala em justiça quando algo acontece e nunca devia ter acontecido. Não há recompensa possível para quem se sente injustiçado de uma maneira ou de outra.
Será justo ver sofrer alguém que nos puxou o cabelo só para se fazer justiça? Como nos podemos sentir bem com algo que consideramos, ainda há 5 minutos, injusto? É a máxima do "olho por olho..." E eu não posso julgar isso. Compreendo e provavelmente também o pratico.

A justiça só existiria se soubéssemos chegar ao coração dos Homens de forma a que eles não tivessem os comportamentos injustos.

Tentamos equilibrar as coisas, tentamos dar o exemplo, demonstrar pela mesma forma aos "bandidos" que aquilo que fazem é mau. Puxamos o cabelo aquele menino que puxa o cabelo ao colega. E ele aceita essa "justiça". Para a próxima lembrar-se-á... Mas só não volta a repetir o gesto mau por causa do medo.

É o medo que nos faz sermos "justos".
O medo do derradeiro universo que sempre volta para compensar os lesados.

E aqui já se percebe porque digo que a justiça é impossível... Porque não tem um fundo genuíno.


Mas se de facto a justiça existir, então Sermos justos está na mesma proporção da nossa capacidade de nos tramarmos. Somos mais justos quanto mais dispostos estamos a assumir as nossas acções e as suas derradeiras consequências. Acrescento ainda, que a justiça só e apenas será justiça se provocar alguma mudança de atitudes em prol do bem comum.

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