segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O vento não faz barulho se não o quisermos ouvir

O ano do pensamento mágico.
Eu não o tive.
Passei-o à frente muito facilmente.
Os meus pessadelos era estares viva. Teres que passar por tudo outra vez.
Eu não queria, acordava assustada.

Agora estou naquela fase em que vou visitar-te e não choro.
Olho, penso, lembro e nada acontece.
Tenho medo desta fase.
Tinha.
Porque ontem aconteceu.
Aconteceu que no silêncio do sitio, o vento soprou-me ao ouvido, agarrei os meus braços. Olhei.
Fechei os olhos e senti o teu beijo. Fresco. Com barulhinhos de vento doce.

As lágrimas, a dor na garganta, os pensamentos constantes na tentativa que me ouvisses "vó, eu lembro-me de ti, eu lembro-me, eu lembro-me. Espero que estejas bem onde estás, espero que tenhas amigos aí, espero que estejas a tomar conta da mãe dele. Eu lembro-me"

Era só isto que me vinha à cabeça.

Às vezes, de forma engraçada, aparecem-me imagens tuas.
A última foi contigo a comer.
Aquilo sem dentes era muito engraçado de se ver :)
Passei muito tempo a olhar para ti, sem te aperceberes, só pela graça de te ver comer e concertar os óculos que deslizavam pelo nariz pelo movimento dos maxilares.
E lembrei-me também de quando me deitava ao teu lado e as minhas pernas eram o teu apoio para te poderes encostar.

Escrevi sobre ti numa carta, falei-te a alguém.
Espero que tenha sido justa à realidade.
À minha realidade.
Adoro-te.
Obrigada pelo silêncio e pelo vento.
Senti que estávamos próximas.

2 comentários:

  1. Tens o livro? =D

    Vi "O ano do pensamento mágico" com Eunice Muñoz... Foi mágico.

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  2. Totó, fui contigo ver este teatro:) ainda não tenho o livro.

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