terça-feira, 2 de março de 2010

Criança. Infância. Sossego.

Atravessamos uma estrada escura, sem luz, sem vento, sem sombras, sem nada.

Atravessamos a estrada sem ninguém ao lado.

Atravessamos a estrada assustadas, com medo dos carros, com medo do choque, de um abismo desconhecido, mas não tão grande como este.


Este é o dia em que nos afastamos e colocamos por terra o que tinhamos construído.


Pergunto: "Como é possível, avó? Como é que deixaram de nos proteger e nos deixaram sós na estrada? Como é que se consegue ser tão... inesperado?"


Só se consegue acalmar o espirito externo das crianças.

O espirito que não se vê continua lá, assustado, aos gritos, dizendo que tem medo, que não vê a luz, que não sabe onde está. Aquele que só consegue dizer "eu não quero voltar para trás!".



Somos crianças.



Daquelas que pedem ajuda às mamãs ao telefone.

Daquelas que só pedem A voz que as acalme. "Não me venhas buscar, fala só comigo! Estou assustada".


Loucura. Palavras soltas e mordazes, feridas, com o olhar perdido, pouco fixo, palavras desconexas e insignificantes.



Sabes vó, não tenho palavras mágicas.


Queria só que as pessoas não fossem más.


Acho que sou como tu.


Tinha escrito um texto para ti. Falava do cheiro das livrarias. Acho que vais gostar. O primeiro. Achava eu.


Foste cúmplice do seu segredo. Posso pedir-te que...





Sem comentários:

Enviar um comentário

diga lá então...